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Segundo debate em SP tem Doria menos visado, mas alvo de PT e PSOL

Principais concorrentes, Skaf e França não miraram tucano, que hoje teve os direitos políticos suspensos pela Justiça paulista. Ainda cabe recurso

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 ago 2018, 01h02 - Publicado em 24 ago 2018, 20h30

Os candidatos ao governo de São Paulo fizeram na noite desta sexta-feira, 24, na Rede TV!, o segundo debate da disputa eleitoral paulista. Participaram do encontro sete dos doze candidatos ao Palácio dos Bandeirantes: João Doria (PSDB), Paulo Skaf (MDB), Márcio França (PSB), Luiz Marinho (PT), Marcelo Cândido (PDT), Professora Lisete Arelaro (PSOL) e Rodrigo Tavares (PRTB).

Assim como no primeiro debate, há uma semana, na TV Bandeirantes, embora em menor escala, Doria voltou a ser criticado por adversários por ter deixado a Prefeitura de São Paulo menos de dois anos após ter sido eleito em primeiro turno, em 2016. Desta vez, os ataques vieram dos candidatos de PT e PSOL, Marinho e Lisete, respectivamente. O petista ainda mencionou a decisão da Justiça de suspender os direitos políticos do tucano por quatro anos, tomada hoje, da qual ainda cabe recurso. Skaf e França, que no embate anterior também miraram o tucano, não fizeram o mesmo na Rede TV!.

Ao responder a Luiz Marinho e Lisete Arelaro, João Doria manteve a estratégia de se posicionar como candidato anti-PT e anti-esquerda, visando, sobretudo, ao eleitorado do interior paulista.

Doria lidera as pesquisas de intenção de voto ao governo de São Paulo, com 25% da preferência, conforme o levantamento Datafolha divulgado nesta semana. Ele é seguido por Paulo Skaf, que tem 20%, e França e Marinho, cada um com 4%.

Como foi o debate

No primeiro bloco, todos os candidatos responderam perguntas sobre segurança pública e questões sorteadas feitas por eleitores. Ressaltando ser “o candidato do Lula em São Paulo”, Luiz Marinho criticou os governos do PSDB no estado, que somam 24 anos, e culpou os tucanos pelo crescimento e expansão do PCC em outros estados do país. Sem citar o partido que tem se mantido no Palácio dos Bandeirantes desde 1995, Marcelo Cândido falou em “acordo velado” entre o governo e organizações criminosas.

João Doria voltou a prometer polícia “padrão Rota”, uma referência à tropa de elite da PM paulista. “Com a Rota não se brinca”, disse o tucano, repetindo o que já havia dito no debate da Band. Ele ainda rebateu Marinho: “de crime organizado o seu partido, o PT, conhece muito bem”. A declaração do ex-prefeito de São Paulo fez com que o petista pedisse direito de resposta, que foi negado pela produção.

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Assim como no debate anterior, França lembrou ter homenageado a cabo da PM Katia Sastre, que matou um homem que tentou assaltar pessoas em frente a uma escola em Suzano (SP). Skaf ressaltou que tem uma tenente-coronel da PM, Carla Basson, como candidata a vice em sua chapa e prometeu o fim das “saidinhas” de presos das cadeias em feriados. Já Tavares, ao contrário do debate anterior, disse logo de cara que representa a chapa de Jair Bolsonaro (PSL) e Hamilton Mourão (PRTB) na disputa paulista. Ele prometeu criar o “CSI paulista” para combater o crime.

No segundo bloco, destinado a perguntas de jornalistas, João Doria foi questionado pela primeira vez sobre sua promessa, registrada em carta, de que não deixaria a Prefeitura de São Paulo – ele acabou renunciando ao cargo um ano e quatro meses depois da posse, tendo, antes disso, tentado ser o candidato do PSDB à Presidência da República. O tucano respondeu que se candidatou para “dar continuidade ao trabalho do Geraldo Alckmin”. Escolhido para comentar a resposta do tucano, Paulo Skaf citou o próprio pai: “ninguém é obrigado a firmar compromisso, mas, uma vez prometido, tem que cumprir”.

Em outra questão, Márcio França foi indagado sobre se há dubiedade em torno de sua candidatura devido a seu partido, o PSB, ter firmado um acordo informal com o PT no plano nacional, enquanto, no plano estadual, ele é aliado de Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB. O governador respondeu que seu partido ficou dividido e ressaltou ser “leal” a Alckmin, de quem foi vice. No comentário, Doria aproveitou a bola levantada, concordou com o adversário e disse que seu partido fez um “excepcional governo” em São Paulo.

Depois de ter o pedido de resposta negado pela comissão do debate, Luiz Marinho aproveitou um comentário que fez sobre obras do metrô até o aeroporto de Guarulhos – “fracasso de gestão do PSDB” e “incompetência tamanha”, em suas palavras – para responder a João Doria. “Quem entende de organização criminosa é seu partido, que tem acordo com eles”, atacou.

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O bloco foi marcado por uma falha do inexperiente Rodrigo Tavares, do PRTB, que se atrapalhou ao comentar uma resposta de Marinho sobre corrupção. “[Luiz Marinho] Tem, sim, muito a explicar, tem, sim, esse tipo de comportamento. Nós não, nós somos… Nós sim, nós não, nós sim, nós não? Não sei. O que eu quero dizer é que o nosso querido aqui…”, enrolou-se o jovem candidato. Em sua participação seguinte, Tavares pediu desculpas “humildemente” pelo lapso, explicou ter tido um “piripaque do Chaves” e, prevendo os memes, afirmou que é necessário “rir de si mesmo”.

No terceiro bloco, com perguntas diretas entre candidatos, os dois momentos de maior tensão envolveram João Doria. O primeiro se deu quando Lisete Arelaro o questionou sobre políticas para educação do PSDB e agressões a professores pela Polícia Militar. O tucano respondeu a Lisete, ex-petista, que “uma vez PT sempre PT” e lembrou que ela já escreveu artigos em defesa do ex-presidente Lula, “preso em Curitiba”. A professora psolista rebateu Doria e, citando os 3,7 registrados pelo Datafolha em abril como avaliação da gestão dele em São Paulo, disse que Doria está “de recuperação”.

No outro, o tucano foi acusado por Luiz Marinho de, enquanto presidente da Embratur durante o governo de José Sarney, “fazer propaganda com mulheres nuas”, o que, segundo o petista, favoreceria a violência contra a mulher no país. João Doria reagiu criticando o PT: “vocês são responsáveis pela maior taxa de desemprego no país, vocês cometeram os maiores crimes contra o dinheiro público, o PT roubou 50 bilhões de dólares, vocês só sabem destruir, roubar e mentir”.

As afirmações de Doria fizeram com que Marinho pedisse, novamente, direito de resposta, desta vez concedido. No minuto que lhe coube, o candidato do PT afirmou que o tucano é “muito agressivo” e ironizou a estratégia antipetista dele. “João Doria, esse papo de ficar agredindo o PT não vai funcionar nesta eleição. Isso funcionou em 2016, mas o povo chegou à conclusão de que Lula é injustiçado”, rebateu.

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Além de dizer que o adversário “traiu” os paulistanos ao não cumprir seu mandato na prefeitura, Luiz Marinho citou, pela primeira vez no debate, a decisão da Justiça paulista que, nesta sexta-feira, suspendeu os direitos políticos de Doria por quatro anos. “Se tem alguém condenado aqui, chama-se João Doria”, atacou.

O ex-prefeito de São Paulo foi sentenciado pela juíza Carolina Martins Cardoso, da 11ª Vara da Fazenda Pública, por uso indevido da marca do programa “Cidade Linda”, criado em sua gestão à frente do Executivo paulistano. A magistrada considerou que Doria atrelou sua imagem pessoal ao slogan da iniciativa. Ainda cabe recurso e a campanha do tucano não será interrompida.

Em outro momento de crítica entre candidatos, Márcio França usou uma tréplica a Paulo Skaf, aproveitando que o emedebista não poderia retrucá-lo, para atacar o MDB. O governador paulista perguntou ao eleitor se a gestão da segurança pública no Rio de Janeiro, comandado pelo partido de Skaf, seria positiva em São Paulo. O “padrão MDB” no Rio já havia sido usado pelo pessebista para cutucar o adversário no debate anterior.

Em uma dobradinha de esquerda, Luiz Marinho e Marcelo Cândido miraram a reforma trabalhista promovida pelo governo Michel Temer. O petista classificou a medida como “golpe contra os trabalhadores” e prometeu que Lula revogará a reforma; o pedetista disse que, com as mudanças, há trabalhadores em quadro de “semi-escravidão”.

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Considerações finais

Nas considerações finais, João Doria prometeu um “Estado menor, mais eficiente” e com “menos impostos” e destacou seu bordão para a segurança pública: “polícia na rua, bandido na cadeia”. O tucano falou ainda em usar sua experiência como empresário para atrair investidores e gerar empregos; Luiz Marinho, novamente destacando ser “o candidato do Lula”, centrou sua resposta na criação de empregos e afirmou que pretende fazer por São Paulo “o que Lula fez pelo Brasil”.

Depois do tucano e do petista, Márcio França criticou a “velha dicotomia entre PT e PSDB” e citou duas alternativas: ou o MDB, que, lembrou de novo, governa o conturbado Rio de Janeiro; ou ele, que se apresentou como atual governador de São Paulo. Já Skaf ressaltou, como na maior parte do debate, sua gestão à frente da Fiesp, sobretudo nos sistemas educacionais de Sesi e Senai.

Lisete Arelaro propôs transformar o Palácio dos Bandeirantes na “Casa dos Povos”, onde ela pretende abrigar a “Universidade Paulo Freire”; Marcelo Cândido lembrou os 24 anos de governos tucanos em São Paulo e pregou “uma mudança profunda e verdadeira”; Rodrigo Tavares citou novamente ser o candidato de Jair Bolsonaro na eleição paulista e frisou ser “ficha limpa”.

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