O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na tarde desta terça-feira, 27, que foi surpreendido com a demissão de Fernando Segovia da direção da Polícia Federal e que a decisão foi de caráter pessoal do novo ministro da Segurança, Raul Jungmann. Maia acredita que Segovia está pagando o preço por ter declarado em uma entrevista que o inquérito dos Portos, que tem entre os investigados o presidente Michel Temer (MDB), tende a ser arquivado por falta de provas.
“Se ele falou algo e falou demais, muitos outros têm falado demais também, o Poder Judiciário e o Ministério Público também (falam). Não é uma prática dele falar demais. Falou uma vez, talvez esteja pagando o preço por isso”, comentou.
O presidente da Câmara lamentou a decisão, avaliou que Fernando Segovia vinha fazendo um bom trabalho e elogiou a escolha de Rogério Galloro para o posto. “Acho que o Segovia era um ótimo nome. O Galloro também é um bom nome. (A troca) me surpreendeu”, declarou. Para Maia, o mais importante é que o haja um trabalho com independência na PF.
Repercussão
A demissão de Segovia foi bem recebida na Câmara tanto por deputados da base aliada quanto da oposição. O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) disse que, apesar de ser um profissional de valor, Segovia se desgastou com as declarações à agência Reuters. “Nada melhor do que começar vida nova, ministério novo e chefe da Polícia Federal novo”, declarou.
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), afirmou que Fernando Segovia já não tinha mais condições de permanecer no cargo porque “queimou o filme” ao sinalizar que poderia estar protegendo Temer. “Queremos saber qual será a postura do novo diretor da PF”, disse.
O petista Carlos Zarattini (SP) lembrou que Segovia se envolveu em uma polêmica que inviabilizou sua permanência. “Ficou para todas as pessoas que ele tratava de evitar a investigação”, avaliou.