O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi preso nesta quinta-feira pela Polícia Federal e um dos motivos de sua prisão foi a conturbada (e caríssima) reforma do estádio Maracanã. Recauchutado para receber a Copa do Mundo de 2014, a obra no estádio mais tradicional do Brasil é alvo de investigação por suspeita de formação de cartel pelas empresas que integraram o consórcio que reformou a arena — Andrade Gutierrez e Odebrecht — e pagamentos de propinas para agentes públicos.
A obra custou 1,2 bilhão de reais, o dobro do valor previsto. Até o momento foram detectadas irregularidades de quase 200 milhões de reais. Reportagem de VEJA revelou recentemente que tanto diretores da Andrade Gutierrez, que fecharam um acordo de colaboração com a Justiça, como da Odebrecht, que estão em negociação com o Ministério Público apontam Cabral como beneficiário das propinas — 5% do valor inicial. Ou seja, cerca de 30 milhões de reais.
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De acordo com os depoimentos prestados entre 2010 e 2011, a construtora Andrade fez pagamentos mensais de 300.000 reais em dinheiro vivo ao então governador. Para escamotear o esquema, a empreiteira simulava contratos de prestação de serviços com seus fornecedores. O ex-governador Sério Cabral, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que “jamais interferiu em quaisquer processos licitatórios de obras, também não solicitou benefício financeiro próprio ou para campanha eleitoral”. A PF tem outra versão para tais fatos.