PM teme confrontos entre grupos pró e contra Lula na Paulista
Simpatizantes do ex-presidente vão se reunir na Praça da República, com a presença do petista, e caminhar até a Paulista, onde estarão os grupos contrários
Grupos pró e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão se manifestar nas ruas de São Paulo nesta quarta-feira, 24, o que preocupa a Polícia Militar, que teme confrontos entre os rivais, apesar dos locais diferentes reservados: quem é contra Lula estará na Avenida Paulista, enquanto os simpatizantes do petista irão para a Praça da República – a distância entre os dois pontos é de cerca de três quilômetros.
Nesta quarta-feira, a partir das 8h30, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) irá julgar o recurso de Lula contra a sua condenação pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo envolvendo um tríplex no Guarujá, que teria sido cedido ao petista pela OAS.
Os grupos anti-PT – como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o NasRuas – farão um ato conjunto na Avenida Paulista. Os manifestantes devem começar a se reunir a partir das 10h, no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Organizadores do evento devem levar para a via caminhões de som e bonecos infláveis como o Pixuleco (que representa Lula como presidiário) para “comemorar” a condenação do ex-presidente.
“Mais do que uma comemoração, é mostrar para as pessoas que o gigante não adormeceu. É mostrar que um ex-presidente pode, sim, ser preso”, disse a porta-voz do NasRuas, Carla Zambelli.
Lula na República
Já os movimentos que defendem Lula vão fazer uma manifestação às 16h, na Praça da República, no centro da capital. O petista vai participar do ato depois que o julgamento acabar. Segundo organizadores, o protesto deve seguir em passeata em direção à Paulista após o discurso do ex-presidente. “Os atos de Porto Alegre e São Paulo transformam, mais uma vez, o sepultamento do Lula, que é idealizado pela elite brasileira, em grandes manifestações de amor e esperança”, afirmou o deputado estadual João Paulo Rillo (PT-SP).
O PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) chegaram a cogitar realizar o protesto na Paulista. Só passaram o evento para a Praça da República por força de uma liminar judicial, emitida no dia 19 de janeiro, que obrigou os movimentos de esquerda a mudarem o local da manifestação. Na decisão, o juiz Antonio Augusto Galvão de França, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, sustenta que os grupos de direita solicitaram primeiro o uso da Avenida Paulista e tinham prioridade. Além disso, o magistrado apontou a falta de segurança.
A Polícia Militar espera confrontos entre os manifestantes, já que há chances de os grupos se encontrarem após a passeata do PT e da CUT, que não foi autorizada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), nem pela prefeitura. A PM também não concordou com o deslocamento dos manifestantes por conta da possibilidade de encontrar com os outros grupos.