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Indicados por Alvim temem perder cargos com Regina Duarte na Cultura

Funcionários que ocupam postos de destaque na pasta estão apreensivos com a possibilidade de a atriz fazer uma faxina caso assuma a secretaria

Por Edoardo Ghirotto
Atualizado em 20 jan 2020, 18h03 - Publicado em 20 jan 2020, 17h07
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  • Indicados do ex-secretário da Cultura Roberto Alvim para os cargos do primeiro escalão da pasta estão apreensivos com a possibilidade de serem demitidos a partir do início de uma nova gestão. A atriz Regina Duarte se reuniu nesta segunda-feira, 20, com o presidente Jair Bolsonaro e aceitou participar de um período de testes na pasta. Ela irá para Brasília na quarta, 22, para conhecer a estrutura da secretaria e decidir se ingressa de forma efetiva no governo.

    O presidente da Biblioteca Nacional, Rafael Nogueira, é um dos indicados por Alvim que demonstra maior tensão com relação ao futuro. Em conversas reservadas com funcionários da instituição, Nogueira disse que não poderia “pagar pelo erro” que o ex-secretário cometeu. Ele se mostrou contrariado com uma reportagem do jornal francês Le Monde que o classificou como um “Goebbolsonarista” do governo Bolsonaro.

    Alvim foi demitido do cargo na sexta-feira, 17, após divulgar um vídeo em que que copiava um discurso do nazista Joseph Goebbels, ministro da propaganda do ditador Adolf Hitler, para anunciar a criação do Prêmio Nacional das Artes. O ex-secretário ficou pouco mais de dois meses no cargo.

    A um funcionário da Biblioteca Nacional que falou com VEJA em condição de anonimato, Nogueira disse que pretende ir à Justiça contra o jornalista Bruno Meyerfeld, que trabalha como correspondente do Le Monde no Brasil. Ele também declarou que quer mobilizar uma rede de amigos para defender a sua permanência no posto. Nogueira é filósofo e tem identificação com o polemista Olavo de Carvalho e com ideais monárquicos.

    Outro indicado por Alvim que está preocupado com o futuro é o diretor da Funarte, o maestro terraplanista Dante Mantovani. Ele lamentou a fala do ex-secretário ao conversar com servidores e disse temer que a alusão ao discurso nazista contamine os projetos do órgão em que atua. Ao contrário de Nogueira, no entanto, o diretor da Funarte acredita que continuará no cargo na próxima gestão.

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    Também está em banho-maria a indicação de André Sturm, ex-secretário de Cultura da cidade de São Paulo, para chefiar a secretaria do Audiovisual. A nomeação foi feita por Alvim após a demissão de Katiane Gouvêa, em dezembro, mas não foi confirmada no Diário Oficial. Pessoas próximas a Sturm dizem que ele está à disposição de Regina Duarte e aguarda um contato para definir sua situação. Ele não quis conceder entrevista.

    Se aceitar o emprego, Regina Duarte será a quarta secretária da Cultura do governo Bolsonaro. A pasta, hoje subordinada ao Ministério do Turismo, enfrenta críticas do setor pela postura ideológica com que tem tratado políticas públicas voltadas para as artes. Ela também terá de arcar com uma queda expressiva em seus rendimentos. A atriz perderá o salário fixo de 60 000 reais que recebe da Rede Globo — quantia que chega a 120 000 reais quando está no ar — para ganhar 15.689,26 reais.

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