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Grampo pode complicar a campanha de Marquinhos Trad

Líder nas pesquisas, candidato do PSD é citado em processo por envolvimento em suposta compra de voto para cassar o atual prefeito

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 set 2016, 15h18 - Publicado em 1 set 2016, 10h51

O dia era 20 de dezembro de 2013, véspera do julgamento que poderia levar à cassação do primeiro prefeito na história de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Vereadores trocavam uma profusão de mensagens via celular. Marcavam reuniões, comemoraram apoios a favor da perda do mandato de Alcides Bernal (PP) e, sobretudo, discutiam como resolver pendências de “protocolo” ou providenciar “cafezinhos”, senhas, de acordo com os investigadores, para negociar o pagamento de propinas. O objetivo maior era claro: embolsar dinheiro para derrubar Bernal do cargo logo no primeiro ano de mandato à frente da prefeitura.

Uma dessas mensagens telefônicas, a que VEJA teve acesso, mostra o vereador Flávio César Mendes de Oliveira (PSDB) pedindo que o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB) acione o irmão Marquinhos para “garantir” votos anti-Bernal. Hoje, Marquinhos é o líder nas pesquisas de intenção de votos na capital sul-matogrossense. Seu adversário mais imediato é o próprio Bernal.

O esquema de distribuição de propina e de cargos públicos em troca de votos no processo de cassação foi desmontado em 2015 pela Operação Coffee Break, da Polícia Federal, em clara referência aos “cafezinhos” cobrados pelos vereadores. Nelsinho Trad e Flávio César acabaram denunciados pelo Ministério Público ao lado de políticos coroados, como o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e o então vice-prefeito Gilmar Olarte (Pros). Todos negam irregularidades.

Nos grampos obtidos por VEJA, Flávio César envia às 10h04 do dia 20 de dezembro de 2013 mensagem para Nelsinho Trad com pedido direto para que Marquinhos entrasse em campo a fim de garantir mais um voto contra Alcides Bernal. O alvo do assédio de Marquinhos seria o vereador Coringa, nome político usado por Ademar Vieira Junior, do PSD. “Fala pro Marquinhos ligar p Coringa só pra não ter surpresa. Ele disse q ta firme conosco mas e mto vulnerável”, pede o vereador Flávio Cesar. Às 13h15 do mesmo dia, Nelsinho confirma ter conversado com o irmão sobre como cabalar votos contra Bernal. “Marcos Trad vai falar com ele e garante”, escreveu.

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Para investigadores da Operação Coffee Break, as suspeitas são de que Nelsinho Trad, aliado a outros agentes políticos, ofereceu propina a vereadores para conseguir votos em favor da cassação de Alcides Bernal. No dia 13 de março de 2014, a Câmara de Vereadores de Campo Grande retirou o mandato do prefeito por 23 votos a seis. Entre os votos contra Bernal está o do vereador Coringa, citado no grampo da Coffee Break como a pessoa a ser procurada por Marquinhos Trad.

A denúncia sobre a compra de votos dos vereadores, que é sigilosa, não imputa crimes a Marquinhos, mas o Ministério Público considera que, no episódio de cassação de Alcides Bernal, “sob o pretexto de se fazer mera oposição política à nova administração e de se apurarem crimes de responsabilidade que foram imputados ao prefeito dentro de um contexto previamente direcionado à cassação de seu mandato”, vereadores, o ex-prefeito Nelsinho Trad, o vice-prefeito afastado Gilmar Olarte, o ex-governador André Puccinelli e outros políticos “associados criminosamente si e movidos por seus particulares interesses, os quais não se coadunavam com o interesse público, numa confluência de suas ações, ofereceram e/ou aceitaram e receberam promessas de vantagens e vantagens claramente indevidas, porque indignas, antirrepublicanas e lesivas aos princípios de transparência, legalidade, impessoalidade e moralidade que devem pautar os atos da administração pública, em todas as suas esferas e partições”.

Em nota, Marquinhos Trad afirmou desconhecer o áudio e negou ter interferido no processo de cassação do prefeito. “Não tenho conhecimento deste áudio, não participei deste processo, sou deputado estadual e não vereador. Não fui nem sequer intimado para depor e muito menos há referência de meu nome no inquérito e na denúncia, diferentemente da ex-vereadora e atual vice-governadora e candidata a prefeita, Rose Modesto, que está sendo investigada a mando do Ministério Público Estadual e teve pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário”, disse.

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