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Ex-assessor acusa deputado Gil Diniz de operar esquema de ‘rachadinha’

Conhecido como Carteiro Reaça, o político é vice-presidente do diretório paulista do PSL e é um dos nomes mais próximos ao deputado Eduardo Bolsonaro

Por Edoardo Ghirotto
Atualizado em 15 out 2019, 20h23 - Publicado em 15 out 2019, 18h33

Um ex-assessor parlamentar do deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP) denunciou o político na segunda-feira, 14, pela suposta prática de “rachadinha” no gabinete da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A acusação foi apresentada à Procuradoria-Geral da Justiça por Alexandre de Andrade Junqueira, que trabalhou para o deputado entre abril e julho deste ano.

A “rachadinha” é caracterizada quando um servidor repassa parte ou a totalidade de seu salário ao político que o contratou. 

Gil Diniz, que atende pelo apelido de Carteiro Reaça, é um dos políticos mais próximos ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho caçula do presidente Jair Bolsonaro, e exerce a liderança do PSL na Alesp. Ele é vice-presidente do diretório do partido em São Paulo, chefiado justamente por Eduardo. Antes de se eleger, Gil Diniz trabalhou como assessor do Zero Três.

Junqueira recebia remuneração bruta superior a 15.000 reais, segundo consta no portal da transparência da Alesp. Ele afirmou que a “prática da ‘rachadinha’ era comum entre os funcionários do gabinete” do deputado. “Presenciei por várias vezes a circulação de dinheiro em espécie e o pagamento de diversas contas particulares com esse dinheiro oriundo da ‘rachadinha'”, disse o ex-assessor.

Na denúncia, ele afirma que o vínculo com Gil Diniz começou durante a campanha, quando se aproximou do então candidato para “apoiá-lo em virtude de suas ideias”. Junqueira diz que, após ser contratado, foi orientado a devolver ao deputado parte do salário e a Gratificação Especial por Desempenho (GEDS).

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“Diante da minha recusa em devolver parte do salário e as GEDS, foi feita a proposta, após 14 dias, de ser rebaixado para o cargo de motorista. Não aceitei. E, em seguida, permaneci por quatro meses em casa sem prestar quaisquer serviços, a título de punição pela minha recusa, conforme imposto pelo deputado em questão. Ainda que eu quisesse trabalhar, fui proibido de ir ao gabinete e orientado a ali comparecer apenas uma vez por semana para assinar a folha de ponto”, declarou Junqueira.

Segundo dados da transparência da Alesp, Junqueira nunca recebeu as GEDS, pagas aos novos funcionários após três meses de contratação. Procurado, ele confirmou a informação a VEJA, mas reforçou que os outros empregados do gabinete contribuem para o suposto esquema. Junqueira disse esperar orientações de seu advogado para se manifestar publicamente sobre o caso e não respondeu a outras perguntas.

Na peça acusatória, o ex-assessor declarou que os valores são sacados em dinheiro “para pagamento das contas de apoiadores do deputado estadual Gil Diniz”. Ele afirmou ter conhecimento de que o mesmo procedimento ocorre na liderança do PSL na Alesp.

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Junqueira também denunciou a existência de uma “funcionária fantasma” no gabinete do deputado. Ele afirma se tratar de uma amiga de Gil Diniz que recebe um cartão alimentação e aproximadamente 1.500 reais “em troca de dar seu nome para desconto do salário”. O ex-assessor não apresentou o nome e nem a ocupação da suposta “funcionária fantasma” na acusação.

Outro lado

Em condição reservada, funcionários do PSL na Alesp alegam que Junqueira saiu brigado do gabinete. Em nota, o deputado Gil Diniz afirmou que a acusação é falsa e que Junqueira foi exonerado por não se adequar à rotina do gabinete.

“É importante notar que este ataque surge quando coloquei meu nome à disposição para a disputa pela Prefeitura de São Paulo, no momento em que alcancei projeção no papel de crítico ferrenho do governador João Doria (PSDB) e como um aliado próximo do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo”, disse.

Gil Diniz afirmou que Junqueira viajou para a Indonésia dias antes de “decidir distribuir suas mentiras”. O deputado declarou ter apresentado um projeto de lei para tornar público o pagamento das GEDS, com intuito de combater a prática de “rachadinhas”. E disse que irá deixar à disposição todos seus extratos bancários. “Meu gabinete é um dos mais enxutos da Alesp e estou entre os 10 deputados estaduais que menos gastam recursos públicos”, declarou.

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