Após casos de corrupção e prisões, DEM de Maia continua no governo do Rio
Partido de presidente da Câmara e também de Eduardo Paes, candidato a prefeito da capital, comanda secretaria e autarquia na gestão Cláudio Castro
Mesmo com o governo do Rio de Janeiro atolado em denúncias de corrupção, inclusive com prisões, e em meio a uma reforma administrativa, o Democratas (DEM) permanece na gestão Cláudio Castro (PSC). Pelo menos por enquanto. O partido no estado é comandado pelo pai do deputado federal Rodrigo Maia, presidente da Câmara, o vereador carioca Cesar Maia. A legenda lançou a candidatura do ex-prefeito Eduardo Paes à Prefeitura da capital para a próxima eleição municipal, em novembro. O DEM ocupa hoje a secretaria estadual de Infraestrutura e Obras a partir de um acordo firmado entre Rodrigo e o governador afastado Wilson Witzel (PSC) desde o ano passado.
Rodrigo Maia indicou para o cargo Bruno Kazuhiro, presidente nacional da Juventude do DEM e ex-assessor do vereador Cesar Maia. A secretaria estadual de Infraestrutura e Obras é estratégica e responsável, por exemplo, pela Empresa de Obras Públicas do Rio (Emop), pela Companhia Estadual de Habitação e pelo Instituto Estadual de Engenharia e Arquitetura.
Em 2018, Eduardo Paes perdeu a eleição justamente para Witzel no segundo turno. À época, os dois trocaram acusações. Neste ano, no entanto, o PSC, chefiado pelo pastor Everaldo Pereira, preso na Operação Tris in Idem, concorrerá com a ex-juíza Glória Heloíza. Em vídeo divulgado nas redes sociais na véspera do início da campanha, Paes tentou se descolar do governo estadual.
“A nossa cidade não suporta mais um novo (Marcelo) Crivella (prefeito, candidato à reeleição pelo Republicanos) ou um novo Witzel. Chega de pessoas despreparadas e de farsantes. Não dá mais para arriscar”, afirmou Paes. Nos bastidores, o ex-prefeito diz a seus interlocutores que sempre foi contra a ocupação do DEM no governo do Rio.
O DEM também indicou, ainda na gestão Witzel, o diretor-presidente da Imprensa Oficial, Francisco Luiz do Lago Viégas. A autarquia cuida da publicação dos atos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Neste caso, as negociações ocorreram entre o governador afastado e a bancada do partido na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Cláudio Castro é suspeito de participar de um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII, órgão do governo estadual. O governador em exercício é citado por um dos delatores da Operação Catarata por recebimento de propina. Ele nega. Na ação, foram presos o ex-secretário de Educação, Pedro Fernandes (PSC), e a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB).
Em menos de dois anos, o governo de Witzel e do então vice Cláudio Castro foi alvo de cinco operações do Ministério Público e das polícias Federal e Civil. São elas: Mercadores do Caos, Placebo, Favorito, Tris in Idem e Catarata. As ações provocaram prisões de secretários, empresários e servidores, além do afastamento do governador, por suspeita de desvio de dinheiro público, principalmente na área de saúde durante a pandemia do novo coronavírus.
Procurado por VEJA, Rodrigo Maia não respondeu. Cesar Maia, por sua vez, defendeu Cláudio Castro: “Especialmente agora que o jovem governador precisa de sustentação para começar seu mandato pleno”. Para o ex-prefeito, a saída do DEM do governo “não foi necessária”. Cesar afirmou ainda que o fato não atrapalhará a campanha de Eduardo Paes: “Agora, especialmente não (atrapalhará). O governador Cláudio Castro precisa de apoio para o governo e o Estado do Rio se recuperarem. Torcemos para isso”, encerrou.