Pezão anuncia medidas para reforçar programa das UPPs
Governo vai implantar delegacia ao Complexo da Maré, ocupada pelo Exército
Com a maior crise já enfrentada pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) desde a criação do projeto, em dezembro de 2008, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), está adotando uma série de medidas emergenciais para fortalecer a principal vitrine da atual administração na área de segurança para sua candidatura à reeleição. Nesta terça-feira, ele anunciou a implantação de uma delegacia da Polícia Civil no Complexo da Maré (Zona Norte). A região está ocupada há quase um mês por militares do Exército e da Marinha, para futura instalação de UPPs.
Levantamento feito pela reportagem revela que, desde fevereiro, houve pelo menos 20 ataques de traficantes em áreas pacificadas, com quatro PMs mortos e seis baleados. O recrudescimento da violência nestes locais começou em meados do ano passado, mas foi a partir do último mês que surgiram protestos de moradores exigindo “o fim das UPPs”. Especialistas em segurança avaliam que as autoridades estão perdendo a “guerra da comunicação” na defesa do projeto. Principalmente por causa de episódios como as mortes do pedreiro Amarildo de Souza (na Rocinha) e do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG (no Pavão-Pavãozinho).
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“Não se faz segurança pública sem a presença das polícias Militar e Civil. É uma utopia achar que a gente vence essa guerra sem fortalecer o policiamento. Hoje, nós temos a presença da polícia e vamos agir fortemente com todas nossas forças policiais dentro dessas comunidades pacificadas”, disse, num vídeo publicado no Facebook. A delegacia da Maré será a terceira em grandes favelas pacificadas. Outras duas foram inauguradas no fim do ano passado na Rocinha (Zona Sul) e no Complexo do Alemão (Zona Norte). A ideia é reforçar a presença do Estado e facilitar a investigação de crimes nestes locais.
Em setembro do ano passado, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, prometeu que o Complexo de Manguinhos (Zona Norte) também ganhará uma delegacia própria, mas ainda não há data estipulada. Também será criada uma ouvidoria exclusiva para receber denúncias sobre a atuação de PMs em comunidades pacificadas. Haverá um número de telefone, um site e uma unidade móvel, que ficará cada semana em uma favela pacificada. Segundo o governador, até agosto serão formados 2.400 novos policiais militares. Atualmente o efetivo da corporação é de 47.000 agentes, sendo que 9.500 atuam nas 38 UPPs já em funcionamento.
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Traficantes – O governo também pretende continuar enviando chefes do tráfico para penitenciárias federais de segurança máxima fora do Estado, sobretudo aqueles ligados ao Comando Vermelho, facção acusada de comandar a recente onda de ataques a UPPs. Dentro dessa política, a Justiça do Rio autorizou a transferência do traficante Bruno Eduardo Procópio da Silva, o Piná, para um presídio federal. Também serão solicitadas as transferências de Eduardo Fernandes de Oliveira, o 2D, e de Ramires Roberto da Silva. Os três são acusados de comandar ou participar de atos violentos e morte de policiais, como a soldado Alda Rafael Castilho, assassinada em fevereiro.
(Com Estadão Conteúdo)