Trump enfrenta protestos em visita a El Paso e Dayton
Moradores das cidades onde ocorreram dois massacres, com um total 32 mortos, repudiam a presença do presidente americano
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visita nesta quarta-feira, 7, as cidades de Dayton e El Paso, que foram palco de massacres no último fim de semana. Apesar de tentar unir o país contra o racismo e a supremacia branca, as causas da maioria dos atentados no país, Trump tem sido acusado de ser parte do problema. Isso motivou os moradores das duas cidades a prepararem protestos contra sua visita.
Trump chegou pela manhã em Dayton, no estado de Ohio, e foi direto para o hospital local conversar com as vítimas que seguem internadas e com as autoridades que foram as primeiras a chegar ao local do tiroteio. Nove pessoas morreram quando o atirador, Connor Betts, abriu fogo no centro do município.
Nas ruas da cidade, manifestantes preparam placas com pedidos para o presidente “parar com este terror”. O balão Baby Trump, inflado como símbolo da contrariedade com a presença do líder americano, trazia a faixa: “Pare de ser um bebê! Confronte a NRA (Associação Nacional do Rifle)”.
Nesta tarde, Trump também visitará El Paso, no estado do Texas, onde o atirador Patrick Crusius, de 21 anos, matou 22 pessoas após ter deixado um manifesto na internet onde denunciava uma “invasão hispânica” nos Estados Unidos. No Texas, um estado tradicionalmente republicano, o presidente sofre maior resistência. Os manifestantes pedem que Trump não vá à cidade.
“Eu culpo o presidente. Desde o momento em que sua retórica e o ódio que tem com as pessoas de cor de pele diferente chegaram à Presidência. Não tem direito”, disse Silvia Ríos, moradora de El Paso.
Desde que Trump lançou sua campanha à Presidência, em 2015, em muitos de seus discursos chamou os imigrantes mexicanos de “estupradores” que levam “drogas” e “crime” para os Estados Unidos. Em 2018, denunciou as caravanas procedentes da América Central como uma “invasão”. Um dos principais projetos de seu governo é levantar o muro em toda a extensão da fronteira do país com o México.
Na segunda-feira, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, classificou a matança de El Paso como “um ato de terrorismo contra os mexicanos”. O governo do México deverá solicitar a extradição de Crusius para seu julgamento pela justiça mexicana. Nos Estados Unidos, o atirador estará sujeito à pena capital.
Ontem, em pronunciamento pela televisão, Trump disse condenar o racismo e a ideologia dos supremacistas brancos, mas insistiu em que as doenças mentais são a principal causa das mortes por armas de fogos nos Estados Unidos. Até o momento, ele não responsabilizou o acesso fácil às armas nos Estados Unidos pelos recorrentes massacres nem se distanciou do lobby da NRA.
Nesta terça-feira, Trump parecia irritado com as críticas veladas de seu antecessor Barack Obama, segundo o qual a retórica divisiva dos líderes americanos é parte do problema.
Os investigadores continuavam tentando descobrir a motivação do autor do tiroteio em Dayton. A prefeita da cidade, Nan Whaley, disse estar decepcionada com o discurso de Trump de segunda-feira. “Não sei se ele sabe no que acredita”, lamentou.
(Com AFP)