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Estados Unidos enfrentam ‘terrorismo branco’

Autoridades americanas atribuem os ataques do final de semana ao que chamam de "terrorismo doméstico" e "terrorismo branco"

Por AFP Atualizado em 4 ago 2019, 23h16 - Publicado em 4 ago 2019, 23h12

Dois jovens brancos de estilo paramilitar mataram 29 pessoas neste fim de semana nos Estados Unidos, confirmando os temores daqueles para quem o “terrorismo branco” é a principal ameaça ao país. Entre lágrimas, levantaram-se vozes em ambos os lados do espectro político para chamar as autoridades a medir o autêntico perigo, ofuscado durante longo tempo pela luta contra os ataques jihadistas.

“As vidas perdidas em Charleston, San Diego, Pittsburgh e, certamente, agora, em El Paso, são consequência do terrorismo nacionalista branco”, afirmou na rede de TV Fox News Pete Buttigieg, candidato nas primárias democratas, referindo-se aos ataques contra uma igreja frequentadas por negros, duas sinagogas e um centro comercial no Texas.

Massacre em El Paso e Dayton

Um homem branco de 21 anos, armado com um rifle, matou 20 pessoas, incluindo seis mexicanos, em El Paso, cidade com 85% da população de origem hispânica, localizada na fronteira com o México. Um manifesto atribuído ao atirador que circulava na internet denuncia uma “invasão hispânica no Texas” e cita os tiroteios realizados por um supremacista branco em mesquitas da Nova Zelândia em março passado.

O tiroteio em El Paso é abordado como um caso de “terrorismo doméstico“, anunciaram autoridades federais. Treze horas depois deste ataque, um homem branco de 24 anos espalhou o terror em Dayton, Ohio, matando nove pessoas em menos de um minuto. Sua motivação não está clara.

Terrorismo doméstico

“Aqui há dois fatores que combinam”, continuou Buttigieg em sua análise na Fox News: “De um lado, a fragilidade das políticas reguladoras do mercado de armas. Do outro, o aumento do terrorismo interno inspirado no nacionalismo branco. Não podemos proteger os Estados Unidos desta ameaça se não estivermos prontos para nomeá-la. O governo tem que deixar de fingir que trata-se apenas de uma casualidade e que não há nada a ser feito.”, criticou o prefeito de South Bend, Indiana.

O presidente Donald Trump classificou o tiroteio em El Paso como “um ato de covardia”, sem mencionar a suposta motivação do suspeito. O prefeito republicano de El Paso, Dee Margo, reduziu a tragédia ao que chamou de “ato de um homem transtornado e puramente diabólico”.

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Mesmo para alguns republicanos, este tipo de explicação já não é suficiente. “A luta contra o terrorismo já é uma prioridade, acho que deveria ser incluída uma oposição firme ao terrorismo branco”, publicou no Twitter o político George P. Bush, sobrinho do ex-presidente George W. Bush e comissário do Escritório Geral de Terras do Texas. “Esta é uma ameaça real e presente.”

“A supremacia branca, como qualquer outra forma de terrorismo, é um flagelo que deve ser destruído”, tuitou a filha do presidente americano, Donald Trump.

Extrema direita

Em 2017 e 2018, segundo o Centro de Análises New America, a violência da extrema direita tirou mais vidas nos Estados Unidos do que ataques jihadistas. Mas as autoridades, que haviam se concentrado na luta contra a ameaça jihadista depois do 11 de Setembro, demoraram a reagir.

“Mesmo durante o governo do democrata Barack Obama, os serviços de Inteligência ignoraram com frequência as ameaças da extrema direita, por razões políticas”, escreveu o analista Robert McKenzie em março passado.

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O chefe do FBI, Christopher Wray, defendeu-se no mês seguinte, ao afirmar que seus serviços estavam “muito atuantes” ante a ameaça dos supremacistas brancos. “No ano passado, realizamos mais prisões ligadas ao terrorismo doméstico do que ligadas ao terrorismo internacional”, assinalou.

Mas as dúvidas persistem, devido às atitudes de Trump. O presidente, que cita continuamente a ideia de uma “invasão” de imigrantes, negou-se a condenar as manifestações violentas da direita em Charlottesville em agosto de 2017, e, recentemente, convocou quatro congressistas democratas de minorias a retornarem a seus países.

“O presidente promove pessoalmente o racismo e a supremacia branca”, criticou a senadora Elizabeth Warren, que aspira à candidatura democrata nas eleições presidenciais de 2020.

O ex-congressista Beto O’Rourke, também na disputa, foi ainda mais longe, ao afirmar que Trump “é um racista e instiga o racismo neste país. E não apenas ofende nossas sensibilidades, mas também muda fundamentalmente o caráter deste país e o leva à violência.”

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