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Trump desafia aliado e diz ter direito de intervir em inquéritos

O secretário de Justiça, Willian Barr, tenta se mostrar independente, mas elabora decisões favoráveis a amigos do presidente que estão sob investigação

Por Vinicius Novelli Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 14 fev 2020, 18h10

Depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar ter o “direito legal” de intervir em inquéritos, o Departamento de Justiça decidiu nesta sexta-feira, 14, rever o processo criminal contra o ex-conselheiro de segurança nacional Michael Flynn, acusado de mentir aos procuradores e, por isso, sentenciado a seis meses de prisão. O sempre fiel secretário da Justiça, William Barr, designou procuradores que nada têm a ver com a investigação para auditá-la, segundo o jornal The New York Times

Flynn foi declarado culpado em 2017 por mentir no processo que investigava a interferência russa nas eleições de 2016, das quais Trump saiu-se vitorioso. O ex-conselheiro fechou uma espécie de acordo de delação premiada com o FBI, mas em 2019 quis alterar sua versão dizendo que era perseguido e inocente. Os procuradores que investigavam o caso recomendaram uma sentença de até seis meses ao réu que, para eles, não aceitou as “consequências de suas ações ilegais”. Ao mudar sua versão, Flynn tentou culpar outras pessoas e entidades envolvidas no caso e contestou suas declarações anteriores.

O caso é sensível nos Estados Unidos porque a trama da interferência russa nas eleições é vista pelo presidente e por seus apoiadores como uma “caça às bruxas”. O ex-conselheiro havia provido, em primeiro momento, informações sobre como a Rússia havia interferido no pleito de 2016. Ele foi demitido da Casa Banca por ter mentido ao vice-presidente, Mike Pence, sobre seu encontro com um diplomata russo.

Problemas com tuítes

A decisão ocorre poucas horas após Barr ter anunciado uma nova decisão sobre outro caso politicamente sensível para o governo Trump. O secretário de Justiça, numa tentativa de mostrar que o seu Departamento é independente da Casa Branca, optou por não apresentar uma sentença contra Andrew McCabe, ex-agente do FBI que é desafeto do presidente. McCabe era acusado de mentir a investigadores sobre o vazamento à imprensa dos emails de Hillary Clinton, então concorrente de Trump, durante as eleições de 2016.

A polêmica em Washington começou na terça-feira 12 quando Trump, em uma série de tuítes, reclamou da sentença de sete a nove anos de prisão contra seu amigo pessoal Roger Stone, condenado por sete crimes, incluindo obstrução da Justiça, mentir ao Congresso e cooptar testemunhas.

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“Esta é uma situação horrível e injusta. Os verdadeiros criminosos estão do outro lado, e nada acontece com eles. Não podemos permitir essa subversão da Justiça!”, disse Trump no Twitter.

Pouco tempo depois, Barr resolveu ignorar a recomendação de sentença feita pelos procuradores por considera-la “dura demais”. Em protesto, os investigadores renunciaram a suas funções. Logo em seguida, Trump, novamente pelo Twitter, elogiou a decisão do secretário.

Em meio a críticas, Barr concedeu uma entrevista dizendo ter “problema com alguns dos tuítes”. Ele ainda se queixou: “Não consigo fazer o meu trabalho aqui no Departamento com constantes comentários que me enfraquecem (…) Acredito que seja a hora de deixar de tuitar sobre casos do Departamento de Justiça”, finalizou. Trump retrucou ao secretário, outra vez pelo Twitter, ter “o direito legal” de interferir nas investigações, apesar de não fazê-lo.

Monarca

O Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados, que foi responsável por elaborar as acusações contra o presidente no processo de impeachment, convocou Barr a se explicar perante seus integrantes no dia 30 de março.

Os democratas acusam Trump de se sentir como um “monarca” depois de sua absolvição pelo Senado dos crimes de abuso de poder e obstrução de Justiça, as bases do seu processo de impeachment.

Na semana seguinte à sua absolvição, o presidente resolveu demitir um membro do Conselho de Segurança Nacional e um embaixador da Casa Branca. Ambos foram testemunhas no processo de impeachment e, intimados pelo Congresso, descreveram como funcionava a campanha de pressão do governo americano sobre a Ucrânia, com o objetivo de obter informações sobre o rival democrata Joe Biden e usá-las na sua campanha de reeleição deste ano.

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