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Número de jornalistas presos atinge recorde mundial em 2017

Turquia, China e Egito são responsáveis por mais da metade das prisões, diz relatório do CPJ

Por Carolina Marins Atualizado em 13 dez 2017, 17h46 - Publicado em 13 dez 2017, 12h04

Um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) mostrou que o número de jornalistas presos por causa de sua profissão cresceu pelo segundo ano consecutivo. Cerca de 262 jornalistas estão detidos contra 259 do ano anterior. Esse é o maior número desde que a medição começou, em 1990.

A maioria das prisões foi motivada por coberturas contra governos e sob a justificativa de leis antiterrorismo, que o relatório considera como abrangentes e vagas. O número de jornalistas detidos sob acusação de “notícias falsas” também atingiu um recorde: 21. Esta é uma acusação que cresceu neste ano em discursos de grandes líderes, como o presidente americano Donald Trump.

Os países com os maiores índices de encarceramento de jornalistas foram Turquia, com 73; China, com 41; e Egito, com 20. Mas o comitê alerta que esses números podem estar subestimados, pois o relatório só leva em consideração jornalistas presos em decorrência de sua atividade. Além disso, só são considerados os prisioneiros sob custódia de um governo — encarcerados por grupos terroristas ou facções não são considerados.

Cerca de 97% estão presos em seu próprios país. Do total, 22 dos jornalistas são mulheres, o que corresponde a 8%. A cobertura que mais motivou prisões foi a política, correspondendo a 87% dos detidos.

Na Turquia, o crescimento das prisões acontece desde 2011, porém elas aumentaram exponencialmente após a tentativa de golpe ao presidente Recep Tayyip Erdogan, em 2016. O relatório cita o caso de Ahmet Sik, preso em 2011 acusado de expor a influência dos seguidores do clérigo Fethullah Gulen no governo turco. Porém, após os enfrentamentos entre Gulen e Erdogan, o jornalista foi acusado, desta vez, de colaborar com gulenistas.

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O relatório também expõe casos de jornalistas chineses presos em péssimos estados de saúde e que não recebem tratamento adequado. Entre eles está o do prêmio Nobel Liu Xiaobo, que morreu de câncer no fígado após receber liberdade condicional médica. A suspeita é de que ele não tenha recebido tratamento durante a prisão. Já Yang Tongyan morreu de tumor cerebral sob condições semelhantes a de Liu. O texto também cita Huang Qi, que possui problemas renais e, segundo seu advogado informou ao CPJ, teve sua dieta especial e tratamentos médicos interrompidos pelas autoridades.

No Egito, o fotógrafo Mahmoud Abou Zeid, conhecido como Shawkan, preso há mais de quatro anos após uma forte repressão a manifestantes pelas Forças Armadas egípcias, tem anemia e necessita de transfusões de sangue, mas teve seu tratamento hospitalar negado, segundo informou a família. Dos vinte jornalistas presos no Egito, doze não foram sentenciados por nenhum crime.

Potências ocidentais

O documento, assinado por Eliana Beiser, diretora do CPJ, aponta esses números como reflexo do “fracasso grave da comunidade internacional para enfrentar uma crise global na liberdade de imprensa”. Os Estados Unidos, em especial o presidente Donald Trump, são apontados por compactuar com líderes que violam a liberdade de expressão e os direitos humanos, entre eles o presidente turco Ergogan e o chinês Xi Jinping. O relatório também culpa outras potências ocidentais de não pressionarem esses governos.

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“Em uma visita a Pequim em novembro, Trump não fez referência pública aos direitos humanos, apesar de uma contínua repressão que levou à prisão de jornalistas, ativistas e advogados chineses”, afirma o relatório.

A perseguição recente de Trump à imprensa e às “notícias falsas” também contribui para o aumento dos números. “Ao mesmo tempo, a retórica nacionalista do presidente Donald Trump, a fixação do extremismo islâmico e a insistência na rotulagem de ‘notícias falsas’ da mídia crítica servem para reforçar o quadro de acusações que permitem que tais líderes encarcerem jornalistas”.

Segundo o relatório, após uma visita do presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi a Washington, o Egito aprovou uma lei antiterrorismo, que tem promovido forte repressão à imprensa, além de permitir que o governo coloque os jornalistas absolvidos de acusações terroristas em uma lista de observação, que restringe seus direitos financeiros.

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