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Migrantes nus são encontrados na fronteira da Turquia com a Grécia

ACNUR exigiu investigação sobre situação e se disse 'profundamente angustiado' com imagens

Por Matheus Deccache 17 out 2022, 18h33

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) exigiu nesta segunda-feira, 17, uma investigação urgente sobre a descoberta de 92 pessoas nuas na fronteira terrestre da Grécia com a Turquia. O órgão se disse “profundamente angustiado” com as imagens e definiu o incidente como chocante. 

De acordo com a polícia grega, os homens, em sua maioria do Afeganistão e da Síria, foram encontrados perto da fronteira depois de atravessarem o rio Evros em botes de borracha e, segundo um porta-voz do ACN, havia crianças entre o grupo. 

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“Estamos pedindo uma investigação completa porque as circunstâncias não são claras. Sempre somos contra o tratamento degradante e cruel e o que vimos é chocante”, disse a porta-voz da agência em Atenas, Stella Nanou, ao jornal britânico The Guardian

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As primeiras imagens dos migrantes nus, alguns deles com marcas de ferimento, começaram a aparecer no final de semana após o grupo ser encontrado por guardas que patrulham a fronteira. 

Em comunicado, a polícia grega contou que os homens disseram que foram levados para a área em três veículos militares turcos antes de serem obrigados a tirar suas roupas e embarcar nos botes infláveis. Os testemunhos foram dados durante uma investigação conjunta conduzida pelas autoridades gregas com funcionários da agência de fronteiras da União Europeia. 

O grupo, que recebeu roupas, alimentos e atendimento médico assim que foi resgatado, segue detido na delegacia de Feres, na Grécia, desde sábado. É esperado que eles sigam rumo ao centro de recepção e identificação no norte do país, onde serão recebidos por funcionários do ACNUR. 

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O ministro grego de migração e política de asilo, Notis Mitarachi, publicou em seu Twitter uma foto dos homens segurando suas genitálias enquanto se agachavam ao ar livre, e disse que o comportamento da Turquia em relação aos 92 migrantes é uma vergonha para a civilização. 

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“Esperamos que Ancara investigue o incidente e proteja, finalmente, sua fronteira com a União Europeia”, completou. 

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Nesta segunda, Mitarachi viajou até a Turquia para discutir sobre o assunto e o papel do bloco europeu, à medida que a migração se torna uma questão cada vez mais sensível para o presidente turco,Tayyip Erdogan, no período que antecede as eleições do próximo ano.

O incidente ocorre em um momento de aumento da tensão envolvendo os dois países e levanta preocupação em Atenas sobre a possibilidade de um possível conflito armado, à medida que o Mar Egeu está cada vez mais militarizado. 

Sem sinais de que as hostilidades irão diminuir, autoridades gregas dizem que os imigrantes se tornaram cada vez mais armados pela Turquia, que abriga cerca de 3,8 milhões de refugiados sírios em meio à crescente consternação em um país onde a economia despencou nos últimos meses.

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“Pelo que parece, a Turquia não quer investigar o incidente porque sabe o que realmente aconteceu”, disse Mitarachi em entrevista à emissora de televisão grega nesta segunda. 

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Em resposta, o porta-voz de Erdogan descreveu as alegações como “infundadas” em uma série de publicações no Twitter no último domingo, 16, dizendo que a “máquina grega de notícias falsas está de volta ao trabalho”. Sobre o relato do ministro grego sobre o resgate, ele disse que a versão de Atenas tem o objetivo de intencionalmente “colocar o nosso país sob suspeita”. 

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Ancara vem acusando o governo da Grécia de despejar migrantes à força através da fronteira antes que eles pudessem apresentar pedidos de asilo, em um processo que cresceu de maneira exponencial no último ano. 

Por outro lado, Atenas acusa o governo turco de “empurrar” migrantes deliberadamente em um esforço para desestabilizar a União Europeia, apesar de ter assinado um acordo histórico de 2016 para conter os fluxos de migrantes em troca de bilhões de euros em ajuda.

Em 2015, no auge da guerra na Síria, cerca de 1 milhão de pessoas viajaram pela Grécia para chegar à Europa, quando as ilhas do Mar Egeu se tornaram linha de frente. Embora os números tenham caído drasticamente desde então, organismos internacionais relataram um aumento perceptível nas tentativas de travessia para o território grego neste ano. 

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Por conta disso, o governo de centro-direita prometeu estender uma polêmica medida que prevê a construção de uma cerca de aço e arame farpado para impedir “entradas ilegais”. 

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