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May admite não ter apoio suficiente para nova votação do Brexit

Primeira-ministra britânica vai se opor à emenda que daria ao Parlamento o controle sobre o processo de saída do Reino Unido da UE

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 19h51 - Publicado em 25 mar 2019, 15h20
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  • A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, admitiu ao Parlamento nesta segunda-feira, 25, não ter apoio suficiente para uma terceira votação de seu acordo com Bruxelas sobre o Brexit, a saída da União Europeia. A condição imposta pelos europeus para postergar o Brexit de 29 de março para 22 de abril é a aprovação do acordo pela Câmara dos Comuns.

    Apesar disso, May foi firme ao declarar que “mudar o acordo de retirada simplesmente não é uma opção”. Ela informou que se oporá à emenda Letwin que, se aprovada no final da tarde desta segunda-feira, prevê que a Câmara dos Comuns tome o controle de uma série de decisões governamentais sobre o Brexit. Esses termos seriam revistos pelos parlamentares em votações na quarta-feira, 27.

    O porta-voz de May, James Slack, reiterou a oposição da líder à emenda. “Amarrar as mãos do governo desta maneira, buscando o comando das renegociações, pode ter implicações extremas na maneira como o Reino Unido é governado e no balanço entre os poderes e responsabilidades de nossas instituições democráticas”, afirmou Slack, que não comentou a possível terceira votação do acordo de May.

    As declarações de May mostram uma mudança de postura da primeira-ministra, que sempre foi enfática ao defender a urgência da aprovação de seu acordo. O tom mais leniente é consequência do fracasso das negociações com o Partido Unionista Democrático (DUP), que sustenta a posição da minoria do governo pró-Brexit. A derrota mina qualquer chance de sucesso dos termos de May.

    Mesmo com os reveses, a primeira-ministra garantiu que, “a não ser que a Câmara queira”, a opção de um Brexit sem acordo está descartada. Ela ainda deixou claro que não cogita a possibilidade de interromper o processo de saída da União Europeia. Nos últimos dias, um plebiscito virtual com mais de um milhão de assinaturas pedia a suspensão do processo, e passeatas tomaram Londres em favor de um segundo referendo.

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    É a primeira vez que a primeira-ministra refuta categoricamente a opção de uma saída abrupta, apesar de ainda reconhecer que é um desfecho possível em último caso. Há duas semanas, o Parlamento rejeitou com 321 votos a saída da União Europeia sem acordo, enquanto outros 278 membros foram a favor.

    Na última quinta-feira 21, depois de reunião em Bruxelas, os países-membros do Conselho Europeu concordaram em adiar o Brexit até o dia 22 de maio com a condição de os parlamentares britânicos apoiarem os termos da primeira-ministra até o dia 29 de março. Logo que voltou da Bélgica, no sábado 23, May começou uma série de reuniões com lideranças partidárias.

    No domingo 24, ela se reuniu com parlamentares resistentes em sua residência de campo para tentar encontrar uma maneira de interromper o impasse. Havia muita especulação em torno de uma “troca de favores” exigida pela oposição britânica que incluiria uma data marcada para o afastamento de May em troca da aprovação de seus termos.

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    Figuras centrais na política britânica como o ex-secretário do Brexit Boris Johnson e os ministros David Lidington e Michael Gove, apontados como possíveis premiês interinos, fizeram parte da reunião. O jornal The Sun, um dos mais tradicionais do Reino Unido, deu voz aos boatos intitulando seu editorial de hoje com “Chegou a hora, Theresa”, insinuando que a renúncia é o único caminho para a primeira-ministra alcançar seu objetivo.

    Apesar das especulações, de acordo com a Associação de Imprensa Britânica o futuro de Theresa May não foi pauta na reunião do gabinete do governo nesta segunda, o que sugere que um plano inicial de dar um ultimato na premiê não vingou. O porta-voz de May declarou que o encontro de hoje na residência oficial do governo focou nas discussões sobre o comunicado que ela deu ao Parlamento nesta segunda.

    Acordo por partes

    Também por meio de um porta-voz, o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, defendeu não existir base para uma terceira votação do acordo de Theresa May.” O porta-voz de Corbyn ainda relatou uma “troca franca e compreensiva de ideias” com a primeira-ministra em um encontro de mais de uma hora no início da tarde desta segunda, no horário local. O secretário do Brexit, Stephen Barclay, e seu equivalente trabalhista, Keir Starmer, também participaram da reunião.

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    Em comunicado, Corbyn ainda afirmou ter rejeitado “a sugestão da primeira-ministra para separar o Acordo de Saída da Declaração Política”. Isso sugere que May considera votações isoladas para dois aspectos diferentes de seu plano do Brexit. O Partido Trabalhista apoia amplamente o Acordo de Saída sem o aspecto político e a União Europeia exige apenas que esta parte seja ratificada para que o processo de saída do bloco possa seguir.

    (com Reuters)

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