Autoridades peruanas planejavam celebrar o aniversário de 109 anos da redescoberta da cidade inca de Machu Picchu com a reabertura da jóia do turismo do país. Os planos, no entanto, foram frustrados pelos números ainda altos de casos da Covid-19.
Machu Picchu, termo em quéchua para “Velha Montanha”, segue fechada desde um decreto de emergência de saúde publicado em 16 de março.
“No ano passado, muitas pessoas vieram ao aniversário, mas desta vez não teremos visitantes porque ainda não há uma data de abertura”, disse Darwin Baca, prefeito da cidade, que foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade em 1983.
Segundo Baca, a data de reabertura não está definida porque os casos estão aumentando em Cusco, região onde a cidade está localizada. O Peru já soma mais de 371.000 casos e tem 17.654 mortes confirmadas. Em Cusco, são 3.176 casos e 65 mortes.
Há pouco mais de uma semana, o governador de Cusco, Jean Paul Benavente, havia anunciado que a cidade poderia receber visitantes para a comemoração do “aniversário” se houvesse condições seguras. No entanto, cinco dias depois do anúncio, ele mesmo contraiu o coronavírus, frustrando os planos. A decisão de adiar a reabertura foi tomada em uma reunião entre representantes do governo regional e do Ministério da Cultura.
O “aniversário” marca a data em que o professor americano Hiram Bingham, que liderava uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu a região. A cidade foi encontrada por acaso, à medida que o acadêmico buscava a lendária capital dos descendentes dos incas, Vilcabamba, ponto de resistência e último refúgio contra os invasores espanhóis, destruída em 1572.
Antes da pandemia, entre 2.000 e 3.000 turistas visitavam a cidade inca diariamente. Em alta temporada, o número de visitantes chegava a 5.000.
Segundo os novos protocolos feitos para a futura reabertura, apenas 675 pessoas poderão visitar a cidade por dia. No entanto, o ministro da Cultura, Alejandro Neyra, afirmou que alguns protocolos sanitários ainda não foram aprovados, incluindo pontos essenciais para a entrada e circulação de turistas, o que pode reduzir ainda mais ou número.
O Peru está com fronteiras fechadas há mais de quatro meses, o que provocou um colapso na região de Cusco, extremamente dependente da indústria do turismo e pouco acostumada à falta de presença estrangeira. Desde que foi aberta ao turismo, em 1948, Machu Picchu fechou por apenas dois meses, em 2010, quando uma inundação destruiu parte de sua ferrovia. De acordo com estimativas, cerca de 100.000 pessoas vivem do turismo na área.