Em meio a tensões, marcha da extrema direita é cancelada em Jerusalém
Polícia se recusou a autorizar evento, argumentando que nem o formato nem o momento do evento eram adequados
Pouco mais de três semanas após o cessar-fogo entre Tel Aviv e o Hamas entrar em vigor, grupos da extrema direita israelense cancelaram nesta segunda-feira, 7, uma marcha nacionalista pela Cidade Velha de Jerusalém, após a rota da passeata não ser autorizada pela polícia. Temendo que o evento servisse como estopim para novas cenas de violência, a polícia se recusou a autorizá-la, argumentando que nem o formato nem o momento do evento eram adequados, dados os atuais níveis de tensão.
A chamada Marcha das Bandeiras ocorreria na quinta-feira 10 e passaria por pontos críticos em Jerusalém Oriental ocupada por israelenses. O dia coincidiria com o Dia de Jerusalém, data da ocupação do setor árabe de Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, junto com a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
Os grupos marchariam pela parte árabe da Cidade Velha, palco de protestos nos últimos meses, até o Muro das Lamentações. A região árabe é onde forças de segurança israelenses reprimiram os palestinos em maio, durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã.
Mesmo após o cessar-fogo, foram registrados confrontos e episódios de violência, incluindo tumultos na Mesquita de Al Aqsa, o terceiro local mais sagrado para o islã. Milhares de fiéis compareceram ao local para participar das orações até que jovens e forças de segurança israelense começaram hostilidades.
“A polícia se recusou a nos dar autorização”, disse o porta-voz de um dos grupos organizadores da marcha, solicitando o cancelamento do evento.
Junto a isso, Khalil Hayya, uma figura importante do grupo armado palestino Hamas, alertou que a marcha poderia levar a uma nova violência. “Esperamos que a mensagem seja clara para que a quinta-feira não se torne [uma nova] 10 de maio”, disse ele, referindo-se ao início dos combates de 11 dias do mês passado entre Israel e o grupo.
Em comunicado, a polícia israelense afirmou que “a rota atual neste momento não está aprovada”. No entanto, uma petição será avaliada para reagendar o evento ou para conduzi-lo de uma maneira diferente.
O vice-governador palestino de Jerusalém, Abdullah Siam, também alertou sobre uma potencial “explosão”.
Enquanto isso, os israelenses de direita pediram ao governo que não sucumbisse às “ameaças do Hamas” cancelando a manifestação.
O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, pediu à polícia que não deixasse a marcha prosseguir, por temer que ela pudesse reacender o conflito.