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Donald Trump vem aí. E agora?

"Ele precisa construir um muro ou uma cerca. E vai ter de fazer isso quase de imediato”, disse Newt Gingrich, assessor do presidente eleito

Por Diego Braga Norte Atualizado em 2 jan 2017, 16h15 - Publicado em 31 dez 2016, 14h31
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  • O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, toma posse no dia 20 de janeiro, mas os americanos já começam a especular sobre as primeiras ações do novo governo. Sua equipe está organizando o chamado “Projeto Primeiro Dia”, com ações que Trump deve tomar nas primeiras horas de seu mandato frente à nação mais poderosa do mundo. “Trump passará horas assinando documentos e apagando a Presidência de Obama”, declarou Stephen Moore, assessor do presidente eleito, à revista New Yorker.

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    “Queremos identificar talvez 25 decretos presidenciais que Trump poderia assinar em seu primeiro dia de governo”. A equipe de Trump está analisando várias opções, mas há algumas cartas na mesa que podem ser consideradas apostas fortes para o primeiro dia na Casa Branca. Com uma canetada, Trump pode renunciar ao Acordo de Paris que tenta limitar a emissão de gases de efeito estufa. Ele também pode retomar a construção do oleoduto Keystone, vetado por seu antecessor Barack Obama. Pode ainda descontinuar outra ação de Obama e vitrine dos democratas: o programa para refugiados sírios. Há ainda a possibilidade de orientar o Departamento de Comércio a peitar de frente práticas comerciais chinesas.

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    O muro — Tais medidas, no entanto, são todas secundárias. Analistas apostam — e o próprio Trump já disse isso — que sua primeira e mais impactante medida será algo relacionado à imigração ilegal e ao seu projeto de construir o criticado muro na fronteira dos EUA com o México. “Quem quer que tenha entrado ilegalmente no país está sujeito a deportação”, disse ele em Phoenix, em agosto, sobre suas ações “nas primeiras horas” depois de assumir a presidência.

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    Durante a campanha, Trump enfatizou tanto a proposta do muro que muitos de seus eleitores se sentirão traídos se ele não levar o projeto adiante. “Ele precisa construir um muro ou uma cerca. E vai ter de fazer isso quase de imediato”, disse Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara e assessor do presidente eleito. As estimativas para a construção do muro de mais de 1.600 quilômetros de extensão variam de 25 a até mais 100 bilhões de dólares (de 82,2 a 329 bilhões de reais). A vontade de Trump de fazer o México pagar pela construção do muro é evidentemente apenas uma bravata, inviável no mundo real.

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    Por isso, dentre as existentes, a opção menos custosa é uma estrutura de aço e de painéis pré-moldados de concreto de uma altura entre 10 e 15 metros, e com uma profundidade suficiente para evitar a construção de túneis. “Não existe escada que supere isso”, disse Trump durante a campanha, em um comentário algo ingênuo. O muro completo, porém, dificilmente sairá do papel. Além de muito impopular — mesmo entre os republicanos —, o projeto é muito caro e de eficácia contestada. Sairia mais barato e seria mais efetivo investir em patrulhas fronteiriças, ou fomentar o desenvolvimento do norte do México para criar empregos por lá e evitar as imigrações ilegais. Há quem diga que o muro de Trump vai ser reduzido a uma pequena e simbólica extensão da cerca já existente na fronteira, financiada pelo governo federal em 2006, com o apoio de 26 senadores democratas, entre eles a então senadora pelo Estado de Nova York, Hillary Clinton — amarga ironia.

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    As principais propostas de Donald Trump

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    Economia
    Ao contrário de Clinton, o plano de impostos de Trump reduz tarifas para a toda a população, inclusive para os mais ricos. O republicano também promete cortar os impostos corporativos de 35% para 15%. “Meu corte de impostos será o maior desde Ronald Reagan e tenho muito orgulho disso”

    Emprego
    Seu plano para diminuir o desemprego está diretamente ligado ao corte de impostos, fator que define como principal para criar postos de trabalho. Não pretende aumentar o salário mínimo e defende que os Estados tenham liberdade para o fazer, se assim desejarem. Sobre a licença maternidade, apoia a ausência paga de seis semanas apenas para mães. “Vou ser o maior presidente criador de empregos que Deus já fez. Vou trazer os nossos empregos e o nosso dinheiro de volta”

    Comércio
    Com políticas protecionistas, Trump se opõe a acordos internacionais de livre comércio, como o Tratado Transpacífico (TTP), e quer renegociar o Tratado Americano de Livre Comércio (NAFTA). Também promete uma “guerra econômica” contra a China, país que acusa de realizar “comércio desleal” contra os EUA e manipular sua moeda. Por isso, planeja maiores tarifas em importações de serviços e bens do gigante asiático. ”Quando Donald Trump for presidente, a China irá notar que a América está de volta na liderança dos negócios globais e que seus anos de manipulação e trapaça acabaram”

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    Política externa
    Trump quer uma relação mais próxima com a Rússia e já elogiou o presidente Vladimir Putin, razão para críticas dos democratas. Inclusive, discorda que o país esteja envolvido no vazmanto de e-mails democratas. Também considera repensar o papel na OTAN, que acredita estar “custando caro” para os EUA, e pretende renegociar o acordo nuclear com o Irã. O republicano concorda com o fim do embargo à Cuba, mas diz que Obama deveria ter negociado um acordo melhor. “Eu acredito que um alívio das tensões e melhoria nas relações com a Rússia é absolutamente possível. Alguns dizem que os russos não serão coerentes. Pretendo descobrir”

    Síria e o Estado Islâmico
    Trump propõe maiores gastos com o exército e insiste que não irá mostrar um plano detalhado de combate ao EI, pois isso entregaria o ‘elemento surpresa’ de sua estratégia aos extremistas. Entre os poucos planos divulgados está bombardear postos de petróleo controlados pelo grupo e trabalhar em uma estratégia conjunta com outros países, inclusive a Rússia. Também é contrário a receber um número maior de refugiados nos EUA, uma proposta de Hillary. “O crescimento do EI é resultado direto de decisões políticas feitas pelo presidente Obama e a secretária Clinton”

    Imigração
    A principal proposta de Trump é a construção de um muro na fronteira com o México, pago pelo país vizinho. Também promete uma força-tarefa para expulsar os imigrantes ilegais do país, priorizando a retirada de pelo menos 5 milhões dos 11 milhões que vivem nos EUA. Planeja ainda suspender a imigração de áreas do mundo onde há um histórico comprovado de terrorismo. “Quando o México manda suas pessoas, não estão mandando o seu melhor. Enviam gente que tem muitos problemas e que trazem isso com eles. Eles estão trazendo drogas, crime, são estupradores”

    Controle de armas
    Menos restrições no porte de armas e maior rapidez no processo de aquisição. Também é contrário a banir armas automáticas e quer abolir áreas livres de armamento, como escolas e bases militares. Trump é, inclusive, apoiado pela NRA (Associação Nacional de Rifles), a mais importante organização de defensores da Segunda Emenda. “Eu vou colocar os criminosos atrás das grades e garantir que cidadãos que obedecem às leis tenham direito a autodefesa”

    Saúde
    Quer banir o Obamacare e trazer uma nova solução para o sistema de saúde, focada no princípio do livre comércio das empresas de seguros privadas. Segundo Trump, isso permite maior competição, qualidade e preços menores. “No primeiro dia da administração Trump, pediremos ao Congresso uma revogação completa do Obamacare”

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    Aborto
    Defende que o aborto deve ser ilegal (exceto em caso de estupro, incesto ou quando a vida da mulher está em perigo) e que as mulheres devem ser punidas pelo ato. Abertamente, apontou juízes para a Suprema Corte que seguem essa linha de pensamento. “Eu sou pró-vida. Originalmente, eu era a favor da escolha, mas evoluí”

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