Candidata democrata propõe plano trilionário para saúde pública dos EUA
Estados Unidos não possuem sistema equivalente ao SUS; custo será coberto com taxação dos mais ricos e de empresas
Uma das favoritas do Partido Democrata para as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2020, Elizabeth Warren divulgou seu plano de criação de um sistema de saúde público gratuito, que demandará desembolsos adicionais de 20,5 trilhões de dólares dos cofres públicos federais ao longo de dez anos. O valor equivale a pouco mais de 100% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do país.
No plano da candidata, está prevista a eliminação da parceria entre Estado e empresas do ramo dos seguros, que define o atual sistema de saúde nos Estados Unidos. Esse sistema foi criado pelo então presidente Barack Obama e tornou-se conhecido como Obamacare. Em 2018, segundo estimativas do Escritório de Censo, mais de 8% dos americanos não conseguiam arcar com o custo preço dos seguros de saúde.
Warren propõe a cobertura gratuita de todos os cidadãos americanos, financiado totalmente pelo Estado, o que é uma proposta considerada radical nos Estados Unidos. O país tradicionalmente financia a educação pública, mas se nega a oferecer tratamentos médico-hospitalares gratuitos para todos os cidadãos, como está previsto no SUS do Brasil, por exemplo.
O custo nos próximos 10 anos do Obamacare para o Tesouro americano é de 32 trilhões de dólares. Outros 20,5 trilhões de dólares são injetados pelo setor privado. A versão de Warren para o “Medicare for All”, como é conhecida a sua proposta, prevê que o governo federal assuma também essa parcela de gastos.
O aumento da taxação sobre bilionários, grandes empresas e o mercado financeiro é a estratégia defendida por Warren para chegar a esse valor. A senadora do estado de Massachusetts também espera arrecadar 8,8 trilhões em dez anos por meio de impostos sobre os empregadores, já que eles não precisariam mais pagar os seguros de saúde de seus funcionários.
Em contraste com seu cuidado de explicar de maneira completa e clara todas as suas outras propostas de campanha, a candidata era muito criticada por desviar-se de perguntas sobre a viabilidade fiscal de seu “Medicare for All”. Warren era questionada com frequência sobre como financiar esse projeto sem aumentar os impostos sobre a classe média, o que de fato permanece intocada no plano publicado.
Na corrida pela indicação do Partido Democrata às eleições presidenciais, que ocorrem em novembro de 2020, Warren disputa a liderança com Joe Biden, vice-presidente durante o governo de Obama. Também entre os favoritos está o senador Bernie Sanders, do estado de Vermont, que, assim como Warren, defende um sistema de saúde universal público e gratuito.