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Ataque ao Capitólio: O que diz o relatório final do inquérito contra Trump

Comitê do Congresso dos EUA publica relatório três dias após recomendar acusações criminais contra ex-presidente à Justiça

Por Da Redação
Atualizado em 23 dez 2022, 10h05 - Publicado em 23 dez 2022, 09h54

O painel do Congresso que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos Estados Unidos publicou seu relatório final na madrugada desta sexta-feira, 23, acusando Donald Trump de uma “conspiração de várias etapas” para reverter os resultados da eleição presidencial de 2020 e corromper a democracia.

Dividido em oito capítulos, o relatório de 845 páginas inclui descobertas, transcrições de entrevistas e recomendações de novas leis para evitar que uma situação como a de 2020 se repita novamente.

Sua divulgação ocorre apenas três dias depois que o comitê recomendou acusações criminais contra Trump ao Departamento de Justiça. Segundo a mídia americana, o Congresso já está cooperando e compartilhando evidências cruciais com a investigação que corre no judiciário.

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O painel, que será dissolvido em 3 de janeiro, quando os republicanos assumirem o controle da Câmara dos Deputados, fez mais de 1.000 entrevistas, um show de 10 audiências públicas televisionadas em horário nobre e análise de 1 milhão de documentos desde que foi criado, em julho do ano passado.

Seu relatório final apresenta um relato detalhado sobre a tentativa de Trump de reverter sua derrota para Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020, bem como uma descrição aprofundada de como a invasão ao Capitólio por uma turba violenta de seus apoiadores foi, segundo o comitê, sua culpa.

Veja os principais pontos do texto final divulgado pela investigação do Congresso:

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Trump fez “pelo menos 200” tentativas de pressionar autoridades eleitorais

Para tentar anular os resultados das eleições em estados-chave, Trump e seu círculo íntimo fizeram “pelo menos 200 atos aparentes de divulgação, pressão ou condenação pública ou privada” contra autoridades eleitorais, entre o dia da eleição e o ataque de 6 de janeiro, de acordo com o relatório.

O ex-presidente fez 68 reuniões, dezenas de telefonemas e enviou inúmeras mensagens de texto para autoridades estaduais ou locais, bem como 125 postagens nas redes sociais de Trump ou assessores seniores contra autoridades eleitorais.

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Por exemplo, durante uma ligação em 2 de janeiro de 2021 entre Trump e o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, o então presidente fez “falsas alegações de fraude eleitoral” e pediu a Raffensperger para “encontrar” votos suficientes para garantir sua vitória.

“Eu só quero encontrar 11.780 votos, o que é um a mais do que temos para vencermos no estado”, disse Trump.

Advogado trumpista Kenneth Chesebro foi arquiteto de conspiração de falsos eleitores

O comitê disse que Kenneth Chesebro, um advogado trumpista pouco conhecido, foi o arquiteto original de um plano para criar listas falsas de eleitores do então presidente. Ele trabalhava com o advogado conservador John Eastman, que escreveu um memorando detalhando, passo a passo, como o então vice-presidente Mike Pence poderia teoricamente anular os resultados das eleições de 2020.

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Já se sabia que Chesebro estava envolvido no esquema de falsos eleitores, mas a conclusão do comitê sobre seu papel de liderança é nova.

Segundo o comitê, ele enviou um memorando ao então advogado de Trump, Rudy Giuliani, sobre uma “estratégia de ‘presidente do Senado’”, que afirmava erroneamente que o vice-presidente poderia escolher quais votos contar durante a certificação dos votos pelo Congresso, no fatídico 6 de janeiro.

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Enquanto isso, ficou claro que Trump teve uma longa conversa com Eastman para discutir várias maneiras de garantir que “o presidente Trump fosse reeleito”, com base em registros telefônicos e e-mails obtidos pela investigação após uma batalha judicial.

Trump se agarrou às teorias de Eastman, que afirmava incorretamente que Pence poderia anular a eleição, e iniciou uma campanha de pressão contra seu vice nos dias que antecederam 6 de janeiro, sem sucesso.

Comitê recomendou destituir Trump dos direitos políticos

Impedir Trump de ocupar outros cargos públicos é uma das 11 recomendações que o comitê fez como resultado de sua investigação. O relatório se concentra na seção da Constituição que afirma que um indivíduo que fez um juramento de apoiar a Constituição dos Estados Unidos, mas “se envolveu em uma insurreição” ou deu “ajuda ou conforto aos inimigos da Constituição” pode ser desqualificado do cargo.

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O comitê encaminhou um pedido de processo criminal contra o ex-presidente ao Departamento de Justiça por incitar uma insurreição.

Reforma da Lei de Contagem Eleitoral

Outra recomendação do comitê pode se tornar realidade em breve. O relatório pede que o Congresso aprove uma revisão da Lei de Contagem Eleitoral, de 1887, com o objetivo de dificultar a anulação de uma eleição presidencial certificada.

A Câmara e o Senado aprovaram, cada um, sua própria versão da legislação.

Encaminhamentos criminais à Justiça

O comitê da Câmara apresentou uma série de estatutos criminais que acredita terem sido violados na conspiração para evitar a derrota de Trump, e diz que há evidências de encaminhamentos criminais ao Departamento de Justiça para Trump e seus advogados.

Os crimes incluem: obstruir de um processo oficial – no caso, a certificação do resultado eleitoral pelo Congresso, em 6 de janeiro –, conspirar para fraudar votos e incitar uma insurreição.

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A declaração falsa de vitória de Trump foi “premeditada”

O comitê descreve que Trump sabia que sua narrativa de fraude eram falsa, mas continuou tentando reverter os resultados eleitorais mesmo assim.

“A decisão do presidente Trump de declarar falsamente a vitória na noite da eleição e, ilegalmente, pedir a interrupção da contagem dos votos, não foi uma decisão espontânea. Foi premeditado”, afirma o relatório. O comitê também revelou e-mails de Tom Fitton, presidente do grupo conservador Judicial Watch, antes da eleição presidencial de 2020 que diziam que Trump deveria declarar vitória independentemente do resultado.

O relatório observa que os principais aliados de Trump, incluindo aqueles que testemunharam perante o comitê, reconheceram que não encontraram nenhuma prova para apoiar as alegações do ex-presidente.

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Trump se recusou a agir diante da invasão ao Capitólio

Segundo o relatório final, enquanto assistia ao ataque à sede do Congresso por seus apoiadores na televisão, ele não fez nenhum pedido de assistência de segurança e resistiu aos esforços de funcionários que pediam que ele orientasse a multidão a parar.

“O presidente Trump não contatou um único oficial de segurança nacional durante o dia. Nem no Pentágono, nem no Departamento de Segurança Interna, no Departamento de Justiça, no F.B.I., no Departamento de Polícia do Capitólio ou no gabinete do prefeito de Washington”, escreve o comitê.

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Enquanto isso, funcionários da Casa Branca descreveram estar chocados com o fato de que, enquanto o Capitólio estava sob ataque, Trump publicou uma crítica a Pence no Twitter.

Durante seu último telefonema na noite de 6 de janeiro, Trump disse: “Uau, você acredita nessa m*rda?”, um ex-assessor da Casa Branca disse ao comitê de 6 de janeiro.

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