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Crime eleitoral e sonegação: As dores de cabeça de Trump antes do Natal

Painel que investiga ataque ao Capitólio dos EUA deve apoiar acusações criminais contra ex-presidente, enquanto registro secreto de impostos pode vir à tona

Por Amanda Péchy
19 dez 2022, 14h17

O mandato do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, bem como os anos que seguiram sua derrota eleitoral, foram marcados por controvérsias, escândalos e investigações sobre possíveis crimes cometidos dentro e fora da Casa Branca. A próxima semana, no entanto, pode ser uma das mais importantes dos últimos cinco anos.

Nesta segunda-feira, 19, o comitê da Câmara dos Deputados que investiga a invasão do dia 6 de janeiro em 2021 ao Capitólio, sede do Congresso americano, por apoiadores de Trump realiza uma reunião para debater se farão – e é quase certo que sim – encaminhamentos criminais ao Departamento de Justiça.

Esta deve ser a última reunião do comitê antes de ser dissolvido, quando os republicanos assumirem a maioria da casa legislativa após o no ano novo.

No dia seguinte, na terça-feira, 20, o Comitê de Meios e Recursos da Câmara fará um encontro a portas fechadas para discutir o que fazer com os seis anos de declarações de imposto de renda de Trump, que finalmente conseguiram obter após quase quatro anos de uma batalha legal contra o ex-presidente nos tribunais. O comitê pode torná-los públicos, o que provavelmente seria feito nos últimos dias do controle democrata do Congresso.

E na quarta-feira, 21, o comitê investigativo da Câmara sobre a invasão ao Capitólio também deve divulgar seu relatório final, após mais de um ano e meio de audiências, juntamente com algumas transcrições de entrevistas com testemunhas.

Conjunto da obra: nesta semana, Trump volta aos holofotes com um conjunto de dores de cabeça, que vão destacar tanto seus esforços para reverter o resultado eleitoral de 2020 quanto seu segredo mais bem guardado – o tamanho real de seu patrimônio e suas fontes de renda.

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O que “encaminhamentos criminais” significam?

O deputado Bennie Thompson, presidente do comitê da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro de 2021, disse a repórteres na semana passada que o painel fará anúncios sobre encaminhamentos criminais ao Departamento de Justiça na reunião desta segunda-feira.

Encaminhamentos criminais seriam, contudo, em grande parte de natureza simbólica. O comitê não tem poderes de promotoria, e o Departamento de Justiça não precisa do Congresso para investigar crimes, pois tem sua própria investigação criminal em andamento sobre o ataque ao Capitólio.

Mesmo assim, os membros do comitê veem os encaminhamentos como uma parte crítica de seu trabalho, uma maneira de registrar seus pontos de vista para concluir a investigação – não como uma forma de pressionar o Departamento de Justiça. Além de Trump, o comitê está considerando encaminhamentos criminais para pelo menos quatro indivíduos.

Não está claro se novas informações serão divulgadas pelo comitê. Ao longo de mais de um ano e meio, por meio de quase uma dúzia de audiências públicas, a investigação usou depoimentos e informações colhidas de mais de 1 mil testemunhas para pintar Trump como o centro de um esforço para anular os resultados de uma eleição livre e justa.

A caixa preta dos registros fiscais

Algumas das informações fiscais de Trump já estão na posse do promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, cujo predecessor, Cyrus Vance Jr., passou anos investigando Trump e sua empresa.

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Trump também enfrenta uma ação civil movida pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que alegou uma prática generalizada de fraude ao longo de uma década pelo ex-presidente, seus filhos e sua empresa, a Trump Organization. Michael D. Cohen, ex-agente e advogado de Trump, testemunhou que o chefe sempre inflou os valores de suas propriedades para obter lucros maiores.

O jornal americano The New York Times também investigou as declarações fiscais de Trump, com dados mais recentes indo até 2020. De acordo com a reportagem, Trump não pagou imposto de renda federal por 11 dos 18 anos examinados.

Antes de 2016, associados do bilionário costumavam afirmar que, apesar dele indicar que entraria na corrida presidencial, Trump nunca o faria porque precisaria disponibilizar suas informações financeiras, de acordo com a lei. Só que acabou fazendo ambos: quando apresentou sua candidatura, disponibilizou uma declaração financeira pessoal, mas se recusou a liberar seus registros tributários, uma declaração voluntária que quase todos os candidatos forneceram desde o presidente Richard Nixon (1969–1974).

Os eleitores ficaram impossibilitados de analisar de onde vinha o dinheiro da pessoa mais rica na história a concorrer à presidência dos Estados Unidos, nem quanto pagou ao governo em impostos.

“Caça às bruxas”

O modus operandi de Trump tornou-se muito claro ao longo dos anos de poder e polêmica de sua gestão. O ex-presidente chamou cada uma das investigações do Congresso e do Departamento de Justiça, incluindo sobre a relação de sua campanha de 2016 com autoridades russas para influenciar a eleição daquele ano, de “caça às bruxas”.

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Trump teve a mesma resposta quando sua empresa foi condenada por 17 acusações de fraude fiscal e outras irregularidades financeiras há cerca de duas semanas. Mas os detalhes que podem se tornar públicos após esta semana podem ser ainda mais importantes, diante de uma terceira candidatura à presidência, em 2024, que Trump já confirmou.

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