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Trump optou por não agir, conclui investigação sobre invasão no Capitólio

Na oitava e (por enquanto) última audiência pública sobre o papel de Trump na insurreição de 2020, comitê fala de 'abandono de deveres presidenciais'

Por Amanda Péchy
Atualizado em 22 jul 2022, 16h40 - Publicado em 22 jul 2022, 10h39

No que foi considerada a season finale, ou último episódio de temporada, na apimentada série de audiências que, no horário nobre nos Estados Unidos, investiga a invasão do Capitólio americano em 2020, a Câmara deixou claro: o ex-presidente Donald Trump ficou inerte por três horas enquanto seus apoiadores violentamente interromperam a confirmação de Joe Biden como o novo presidente do país.

A oitava audiência até agora, na noite de quinta-feira 21, focou nos “187 minutos” que correram entre o momento em que Trump instou uma multidão a marchar para o Capitólio e o instante em que ele finalmente pediu à horda para “ir para casa”.

A audiência foi recheada de vídeos, fotos e áudios nunca antes vistos que reproduziram os horrores de 6 de janeiro e – surpreendentemente, 18 meses depois – jogaram luz sobre o que aconteceu naquele dia. Nesse sentido, o painel cumpriu sua promessa de trazer novo material.

Inação e abandono de deveres

Segundo o comitê investigativo da Câmara, Trump não apenas falhou em agir, mas optou conscientemente por não agir. Testemunhas disseram que o ex-presidente não fez um único telefonema para autoridades de segurança durante o ataque ao Capitólio, nem para funcionários do então vice-presidente, Mike Pence, ou do governo em Washington, D.C.

O argumento é que a recusa de Trump em intervir no incidente equivaleu a um abandono de seu dever presidencial.

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Keith Kellogg, conselheiro de segurança nacional de Pence, que também estava com Trump naquele dia, testemunhou que nunca ouviu o ex-presidente pedir a Guarda Nacional ou uma resposta da lei. A então secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse que “o presidente não queria incluir qualquer tipo de menção de paz” em um tuíte-comunicado que a equipe estava escrevendo.

Num discurso gravado em um vídeo de Trump, em 7 de janeiro, ele também tentou diluir a retórica preparada pelos seus assessores: “Não quero dizer que a eleição acabou, o.k.?”.

+ Comitê culpa Trump por ‘tentativa de golpe’ no ataque ao Capitólio

Mike Pence: o quase-mártir

Além disso, o comitê deixou mais claro do que nunca o tamanho do perigo enfrentado por Pence e sua equipe quando os apoiadores de Trump pediram o enforcamento do vice-presidente assim que ele se recusou a colaborar com os esforços do presidente para tentar derrubar a eleição de 2020.

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Uma testemunha do comitê disse que Pence parecia tão preocupado com o que estava acontecendo que eles “começaram a temer pela própria vida” e que houve até telefonemas “para dizer adeus aos membros da família”. A testemunha era um profissional de segurança nacional não identificado que trabalhava na Casa Branca em 6 de janeiro, cuja identidade foi protegida.

+ Trump sabia que invasores armados iam para o Capitólio, diz assessora

O comitê enfatizou que, enquanto Trump permaneceu inerte, Pence – com a vida ameaçada – ficou pendurado ao telefone fazendo contato com autoridades de segurança e com o então secretário de Defesa, Chris Miller. As audiências pintaram o ex-vice como uma das principais autoridades que enfrentaram Trump depois que ele perdeu a eleição de 2020.

Comitê vai atrás de republicanos no Congresso (de novo)

O comitê deu várias cotoveladas nos republicanos do Congresso durante a audiência de quinta-feira, enfrentando o líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, e outros aliados de Trump. Em gravação de vídeo feita logo após a invasão, McCarthy dizia que “estava pensando em aconselhar (Trump) a renunciar”; em outra, o genro de Trump, Jared Kushner, dizia que McCarthy “estava com medo”.

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O senador Josh Hawley, republicano do Missouri que liderou a objeção na confirmação do presidente Joe Biden, foi gravado fugindo assustado de manifestantes dentro do Capitólio – e mesmo assim votou contra a certificação dos resultados eleitorais.

O comitê já havia perseguido republicanos do Congresso por seu papel em ajudar Trump a invalidar a eleição, inclusive buscando indultos após 6 de janeiro.

Serviço Secreto na mira

A audiência de quinta-feira ocorreu após uma semana turbulenta para o Serviço Secreto dos Estados Unidos. O inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna que supervisiona a agência acusou o Serviço Secreto de excluir mensagens de texto de 5 e 6 de janeiro de 2021, críticas para várias investigações sobre o ataque ao Capitólio.

Essa investigação do inspetor-geral agora é uma investigação criminal. (O Serviço Secreto nega ter deletado qualquer material de forma maliciosa, diz que a perda das mensagens ocorreu durante um programa de rotina de substituição de telefone e que está cooperando com todas as investigações em andamento.)

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+ Por dentro da Casa Branca: o impactante depoimento de Cassidy Hutchinson

Season finale mesmo?

Como quase qualquer série de sucesso da Netflix que ameaça terminar, as audiências que investigam o papel de Trump na invasão no Capitólio terão uma segunda temporada. O comitê fará uma pausa em agosto e retomará as audiências públicas em setembro.

Os legisladores garantem que sua investigação está em andamento. No início da audiência, o deputado Bennie Thompson, presidente do comitê, disse que “continuamos a receber novas informações todos os dias”.

O painel realizou oito audiências públicas até agora e obteve índices de audiência impressionantes na TV, ao mesmo tempo que apresentou quantidades substanciais de novas informações prejudiciais sobre Trump e os fatos ocorridos em 6 de janeiro.

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+ Para tentar reverter derrota, democratas escancaram os pecados de Trump

A próxima onda de audiências acontecerá durante a reta final das campanhas das eleições de meio de mandato, em que os democratas correm altos riscos de perder o controle do Congresso.

Os membros do comitê também disseram que pretendem emitir um relatório provisório em setembro, que pode ajudar o Departamento de Justiça a progredir com uma investigação criminal – se houver provas suficientes e, claro, interesse.

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