A pedido de Trump, Israel barra ingresso de deputadas democratas
Críticas da Casa Branca e da ocupação israelense, Ilhan Omar e Rashida Tlaib tiveram apoio de entidade judaica para a visita
O governo de Benjamin Netanyahu, de Israel, barrou nesta quinta-feira, 15, o ingresso das congressistas americanas Ilhan Omar e Rashida Tlaib, em resposta a pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ambas as deputadas – democratas, de origem árabe e membros do chamado “Esquadrão” – planejavam uma visita de quatro dias a Jerusalém e à Cisjordânia para discutir a perspectiva palestina sobre o conflito árabe-israelense.
Na manhã desta quinta-feira, Trump postou mensagem a Israel pelo Twitter enquanto as autoridades israelenses deliberavam sobre a autorização ou não do ingresso das deputadas, segundo o jornal The New York Times. “Mostraria uma grande debilidade se Israel permitir a deputada Omar e a deputada Tlaib visitar (o país)”, escreveu o americano. “Elas odeiam Israel e todo o povo judeu e não há nada que possa ser dito ou feito para mudar o pensamento delas (…). Elas são umas desgraças”, completou.
Contrariamente à alegação de Trump, o Conselho Democrático Judeu da América fez um apelo às autoridades israelenses para não barrar o ingresso das deputadas. “Vetar a visita de membros do Congresso americano a Israel, onde elas podem ver fatos com seus próprios olhos, é contraprodutivo e favorece o objetivo do presidente Trump de politizar o apoio a Israel”, afirmou a diretora-executiva da entidade, Halie Soifer, segundo o jornal The Jerusalem Post.
Omar e Tlaib planejavam iniciar no domingo, 18, a visita às cidades palestinas de Ramallah, Hebron e Belém e a Jerusalém Oriental, ocupada pelos israelenses. Outra deputada democrata, Stacey Paskett, planejava se juntar a elas.
O convite partiu da deputada Hanan Ashrawi, membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Não haveria encontros com autoridades israelenses e palestinas. O propósito da visita seria, segundo Ashrawi, dar a oportunidade às congressistas americanas de ter contato direto com o povo palestino . “Do que eles têm medo? De que elas possam encontrar coisas?”, indagou ela, referindo-se ao governo de Israel, segundo o Times.
O embaixador de Israel em Washington, Ron Dermer, afirmara no mês passado que seu país não iria vetar a entrada das congressistas americanas. No último domingo 11, o líder da minoria republicana na Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, liderava uma delegação de 31 congressistas de seu partido em visita a Jerusalém. De acordo com o Times, McCarthy afirmara-se favorável à visita de suas colegas democratas ao país.
Desde 2017, por lei, Israel pode bloquear o ingresso de pessoas favoráveis ao fim da ocupação israelense na Cisjordânia. A política de Netanyahu para com os territórios palestinos é um tópicos criticados pelas deputadas Omar e Tlaib, entre outras integrantes de um movimento em prol do boicote americano e da imposição de sanções a Israel, por adotar princípios racistas e desacatar os direitos humanos do povo da Palestina.
O Movimento Boicote, como tornou-se conhecido, foi condenado pela Câmara dos Deputados, em resolução aprovada com maioria de 398 votos no final de julho. Apenas 17 congressistas se mostraram favoráveis. Omar e Tlaib são integrantes do grupo chamado de “Esquadrão” por Trump. Junto com Alexandria Ocasio-Cortez e de Ayanna Pressley, elas têm condenado a política de Trump para a imigração e tornaram-se alvos de pesados insultos do presidente americano em atos públicos.