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Luan Santana: ‘Falaram muita maldade de mim’

Bom moço e com 65 milhões de fãs nas redes, o cantor é visto como um sucessor de Roberto Carlos — mas, antes, quer se casar e diversificar seu sertanejo pop

Apresentado por Atualizado em 18 out 2019, 10h44 - Publicado em 18 out 2019, 06h00
O cantor Luan Santana: ‘Penso em dar um tempo na carreira porque quero que ela seja longínqua (sic). Mas não será agora’ (Lailson Santos/.)

O sul-mato-grossense Luan Santana, de 28 anos, é o jovem cantor mais bem-sucedido do Brasil. Com 65 milhões de seguidores nas redes sociais, 6 milhões de ouvintes no Spotify e agenda de 140 shows por ano, ele ostenta não só uma audiência gigantesca no mundo real e virtual — os fãs revelam um grau de engajamento impressionante com ele. Prova disso foi a gritaria recente na internet em razão da mudança de critérios na premiação musical do canal Multishow, que o teria prejudicado. Há poucas semanas, Luan também causou alvoroço ao revelar a VEJA que vai se casar. Trafegando entre o sertanejo e o pop, com raízes firmes no romantismo, ele é a aposta de sua gravadora, a Som Livre, ligada à Globo, para um dia suceder ao veterano Roberto Carlos. Nesta entrevista, Luan conta como lida com o assédio do público, fala das escolhas profissionais — e dá detalhes até de sua iniciação sexual.

Enquanto muitos artistas sertanejos fazem músicas sobre baladas e bebedeiras, sua carreira foi construída em cima do romantismo. Por que escolheu uma trilha diferente? Porque nunca fui baladeiro nem cachaceiro. Esse tipo de comportamento não tem a ver comigo. Só bebo um vinho de vez em quando. Posso até falar em cachaça algum dia em minhas canções, mas de uma forma mais poética — como o Ed Sheeran, que fala de bebida por estar na fossa. Mas, pensando bem, vai ser muito doido quando eu surgir com uma canção falando sobre cachaça.

Sua trajetória de ídolo adolescente culminou com o hit Meteoro, e seu novo trabalho busca inspirações menos juvenis. É desafiador fazer a transição para a carreira adulta? Essa é uma questão na qual penso todos os dias. Cheguei à conclusão de que as meninas dos tempos de Meteoro nunca me abandonaram. Elas cresceram comigo. Mas vejo uma renovação de público muito grande, desde crianças até adultos gostam de mim. Eu me apresento bastante em festivais nos quais a audiência é o pessoal da cachaça e da balada. Quando subo ao palco, até essa plateia me acolhe.

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Sua base de fãs é das mais aguerridas da música nacional hoje. Qual o segredo para formar uma brigada tão combativa nas redes sociais? Cara, o segredo para ter milhões de seguidores é que seu trabalho seja apreciado pela galera. Eu poderia ser ouvido por muita gente e não ter um grande número de seguidores em rede social. Mas, para mim, é importante estabelecer um canal com esse público. Gosto de interagir e de pensar que cada pessoa importa para mim da mesma forma que eu importo para ela. Claro que não posso atender a todos, mas, na medida do possível, quero demonstrar que essas pessoas não me são invisíveis, não são só estatística.

Sua gravadora, a Som Livre, acalenta a ambição de fazer de Luan Santana o novo Roberto Carlos. Isso o assusta? Não paro para pensar nisso. Sou um grande fã do Roberto Carlos. Para mim, ele é o único rei. As comparações surgem porque, assim como Roberto, eu não tenho medo de falar de amor nas minhas canções, muito menos de gravar uma música com piano e voz, enquanto todo mundo investe nos ritmos dançantes do momento, como a bachata e o arrocha. Desejo construir minha própria carreira, por isso penso de maneira diferente de outros artistas. Quero que minha carreira seja a melhor. Quero ser o melhor. Para isso, eu me cobro muito: não sossego nunca e trabalho demais. Às vezes, essa autocobrança me faz mal. Mas, quando percebo o bem que posso fazer na vida das pessoas, fico sossegado.

“Falaram muita maldade de mim. Eu me incomodei tanto com os boatos de que eu seria homossexual que comecei a me questionar se me sentava de um jeito afetado, sei lá”

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Existe muita intriga e rivalidade no mundo sertanejo: duplas que se atacam, cantores que falam mal uns dos outros. Como você se vacina contra essas situações? Nunca gostei de entrar em discussão, nem de responder quando as pessoas me atacam sem fundamento. Já me importei com coisas assim, mas, com o passar do tempo, você descobre que isso passa. Quando você confia no seu trabalho, essas picuinhas e rivalidades bestas tornam-se coisas muito pequenas.

Luan Santana já foi vítima de algum tipo de maldade? Ah, no começo eu era muito criança. Tudo era novo. Imagine um moleque de 16 e 17 anos tendo de enfrentar maldades. Surgiam comentários, mentiras, e eu chegava em casa passando mal. Falaram muita maldade de mim. Eu me incomodei tanto com os boatos de que eu seria homossexual que comecei a me questionar se me sentava de um jeito muito afetado, sei lá. Saíram boatos na imprensa, na TV. Mas sei que o homossexualismo jamais pode ser chamado de ofensa.

Recentemente, o anúncio de seu casamento causou furor nas redes sociais. Por que a vida privada e a sexualidade de Luan Santana provocam tanta curiosidade? A curiosidade pelo que o artista faz ou deixa de fazer vem na mesma proporção do interesse do público pelo trabalho dele. Não é à toa que o cara é tratado como ídolo: sabemos que existe uma idolatria que mexe com o imaginário das pessoas. Elas querem se sentir íntimas do artista. Conhecer e compartilhar cenas da vida pessoal dele faz parte desse carinho, enfim. Penso que muita coisa pode ser compartilhada. Posso dividir um pouco da minha vida com esse público que, de uma forma ou de outra, faz parte dela. É claro que haverá situações e fatos que ficarão preservados pela privacidade que todos nós devemos ter, e nem faz bem transformar nossa vida num espetáculo.

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Como se preservar disso? Fazendo chegar ao público que não somos perfeitos, que cometemos erros, deslizes e também tropeçamos no dia a dia. Somos humanos. Alguns artistas gostam de transformar todo gesto num espetáculo, numa cena. Penso que o artista vai sofrer menos com a invasão de privacidade à medida que se mostrar mais humano, sabe? Tem de haver uma relação saudável entre o fã e o ídolo.

E como, afinal, o casamento surgiu na sua vida? Estou noivo, né? Faz doze anos que a gente se conhece, e temos uma história bonita. A Jade (Magalhães, de 26 anos) me conheceu quando eu ainda batalhava pelo sucesso, então não tínhamos muito contato. Faz doze anos que a gente se conhece, entre idas e vindas. Pensei, então, que estava na hora de me casar. Aproveitei uma viagem a Portugal para elaborar um pedido de casamento que ela jamais esquecesse. Bolei um voo de balão e chamei alguém para filmar a cena. Quando o balão subiu, tirei do bolso a aliança que tinha comprado meses antes. Era um silêncio só. É impressionante como fiquei nervoso na hora de pedir a mão dela. O engraçado é que, antes de subirmos no balão, Jade me disse que estava um dia tão lindo que eu bem podia aproveitar para pedi-la em casamento. Agora, é me preocupar com os detalhes da cerimônia.

Doze anos atrás, quando a relação com Jade se iniciou, você tinha 16 anos. Descobriram o sexo juntos? Minha primeira experiência sexual não foi com ela, não. Com 16 anos, eu já tinha tido minha primeira namoradinha. Depois, tive algumas “ficantes” — antes e depois da Jade, aliás. Mas a primeira relação dela foi comigo. A gente queria só aproveitar o momento. Eu nunca pensava em casamento. Mas chegou um determinado ponto em que a vi como a mulher da minha vida. Ela é minha parceira, a pessoa que me entende e me conhece como ninguém. É isso que a gente precisa para casar, não é? O relacionamento que eu tenho com a Jade é algo que vai além de sexo: é uma coisa divina. A Jade passou por muitos momentos difíceis comigo. Ela é a pessoa para quem eu olho todos os dias e penso: “Eu achei”.

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“Minha primeira experiência sexual não foi com a Jade, não. Mas a dela foi comigo, sim. Eu nunca pensava em casamento. O relacionamento que tenho com ela vai além do sexo: é uma coisa divina”

Nos bastidores do mundo sertanejo, sabe-se que há até pais que “oferecem” as filhas para sair com artistas bem-sucedidos. Para um cantor agora comprometido, como tem sido lidar com o assédio das fãs? Olha, vi vários amigos cair nessa onda. Sou muito tranquilo e cuidadoso. Sempre encarei a carreira como algo essencial na minha vida, e tomei cuidado para que nada prejudicasse essa escalada. Puxei muito do meu pai, um homem de retidão moral exemplar. Ele é muito correto, e me orgulho de ter herdado essa qualidade dele. Não vou mudar.

Você tem uma mansão num condomínio na Grande São Paulo onde montou uma “casa de compositores”, na qual talentos do ramo criam letras e melodias em esquema coletivo. Como funciona esse processo? Sempre evitei compor de forma comercial, com horário e temas previamente definidos. Para mim, a inspiração não tem hora: uma boa canção nasce da parceria e da intimidade que você tem com aquele parceiro. Você precisa ser amigo da pessoa, dar risada com ela, assar uma carninha no meio do processo. Reuni essa galera de maneira muito natural. Eles vão para lá, gostam do espaço, passamos umas boas horas em confraternização. O trabalho não tem nada combinado. Eu evito fórmulas. No máximo, busco temas. Às vezes, acho uma passagem interessante num livro ou num filme, anoto e penso em desenvolver uma canção sobre isso. Chamo meu time, hospedo a turma ali, tem quarto, churrasqueira. A gente acorda pensando em música, chega a criar cinco num dia só. Eu tenho muito que aprender com esses caras.

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A opção por fazer uma carreira-solo, e não em dupla, como é a regra entre os sertanejos, nunca causou problemas? Às vezes. Lembro de chegar aos lugares e o pessoal das rádios perguntar: “Você é o Luan ou o Santana?”. Todos me olhavam torto. Uma vez, eu e meu empresário fomos a uma rádio em Londrina. Ele foi mostrar minhas composições, e eu fiquei do lado de fora. Só que as paredes eram tão finas que consegui escutar a diretora da rádio recomendar: “Diga a esse menino para arrumar outro cantor, pois só se faz sucesso em dupla”. Mas, além do fato de ser um cantor-solo, acredito que eu trouxe outra novidade para o mercado sertanejo. O Sorocaba (artista, compositor e empresário do meio), que me descobriu e deu Meteoro para eu gravar, disse uma coisa legal tempos atrás — que eu trouxe um novo público para as rádios, um pessoal jovem. Essa evolução continua. Hoje, toco vários instrumentos. No palco, eu me inspiro nas performances de artistas de que eu gosto, como Shawn Mendes, Coldplay e Justin Bieber.

Assim como Bieber, você começou a cantar cedo. Há algo mais em que se identifique com ele? Sim, ele tem uma trajetória interessante. Começou como rebelde, e se casou recentemente. Passou de um pop bonitinho para uma sonoridade mais adulta. E conseguiu dar um tempo na carreira. Penso, aliás, em também dar um tempo na carreira porque quero que ela seja longínqua (sic). Mas não será agora.

Depois de mais de uma década, Sandy & Junior voltaram com uma turnê que está quebrando recordes. Eles o influenciaram de alguma maneira? Sandy & Junior cantam muito, né? Eu queria demais me casar com ela. Chegava a rezar pedindo que isso acontecesse. Dizia: “Meu Deus, quando crescer quero casar com a Sandy”. Já disse isso até na frente do marido dela. É uma família abençoada.

Publicado em VEJA de 23 de outubro de 2019, edição nº 2657

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