Quatro chapas disputam a reitoria da USP
Três delas têm à frente docentes que integram a administração Rodas

Quatro chapas concorrem à gestão da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) – três delas encabeçadas por professores que integram a administração de João Grandino Rodas, o atual reitor. O Diretório Central de Estudantes (DCE), a Associação de Docentes e o Sindicato dos Trabalhadores da USP não manifestaram, até o momento, apoio a nenhum candidato.
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Na disputa pela gestão da maior universidade do país, estão o último vice-reitor, Hélio Nogueira da Cruz; o ex-diretor da Escola Politécnica, José Roberto Cardoso; e o último pró-reitor de pesquisa, Marco Antonio Zago. Todos tiveram de deixar seus cargos para concorrer.
A surpresa na disputa é o geógrafo Wanderley Messias da Costa, que assume o discurso de continuidade e cuja candidatura foi articulada por um grupo de professores ligados à gestão Rodas.
O eleito terá pela frente muitos desafios, entre eles o de recolocar a USP na elite do ensino superior mundial. No último ranking da revista britânica Times Higher Education (THE), a mais importante avaliação de universidades do mundo, a USP perdeu mais de sessenta posições. Depois de ocupar o 158º lugar em 2012, a instituição aparece agora listada entre a 226ª e a 250ª posições – após a 200ª colocação, as universidades são reunidas em grupos de 25.
Propostas – Descentralizar a estrutura de poder, incrementar os cursos de graduação e internacionalizar a universidade são propostas comuns aos candidatos. Outro ponto de preocupação é o equilíbrio orçamentário da USP, que tem usado reservas financeiras para pagar os salários de professores e funcionários. Os candidatos defendem a política de bonificação, mas não cogitam adotar cotas.
Veterano nos setores administrativos da universidade, Hélio Cruz aposta em sua experiência como diferencial. Para ele, após a série de obras e reformas conduzidas por Rodas, a instituição precisa investir mais em projetos acadêmicos.
Embora reconheça avanços, José Roberto Cardoso é um dos mais críticos à atual gestão e se queixa dos problemas recorrentes de comunicação entre reitoria e unidades. “Queremos acabar com a política do �toma lá, dá cá�, de alguns privilegiados”, afirma. Uma de suas plataformas é a modernização dos cursos e laboratórios e o aprimoramento do ensino a distância.
Marco Antonio Zago também quer priorizar a graduação, com o uso de tecnologias, treinamento de docentes e combate à evasão de alunos. “O atual formato de ensino está ultrapassado”, diz. Ele propõe parcerias com grupos de pesquisa estrangeiros para incentivar intercâmbios.
Wanderley Costa pretende ser o primeiro docente da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas a comandar a USP. Segundo ele, a facilidade de articular atores internos e externos à universidade é um ponto a seu favor. Uma de suas propostas é criar uma assessoria especial para questões comunitárias, associativas e sindicais.
O resultado da consulta informativa – que não tem caráter decisório – realizada com alunos, funcionários e professores da USP será divulgada em 14 de dezembro, cinco dias antes da eleição.
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(Com Estadão Conteúdo)