Como a expectativa chegou a ser de uma retração maior que 9%, o anúncio do PIB em queda 4,1% em 2020 é olhado com bons olhos pela equipe econômica do governo Bolsonaro, que considerou o desempenho brasileiro “moderado” comparado com o PIB de outros países.
Ressaltando que o resultado é fruto das políticas de combate aos efeitos da pandemia, o Ministério da Economia ressalta que, devido ao cenário incerto de 2021, tanto a expansão da vacinação quanto a continuidade de reformas estruturais são fundamentais para “elevação da confiança e maior vigor da atividade ao longo do ano”.
Em nota publicada nesta quarta-feira, a Secretaria de Política Econômica aproveita o resultado concreto dos efeitos da pandemia para bater na tecla de ajuste fiscal e condiciona a previsão de avanço de 3,2% no PIB em 2021 a isso, enquanto cita que a vacinação da população é fundamental para a volta do setor de serviços, que representa 70% do PIB.
“A agenda de reformas consolidando o lado fiscal, melhorando os marcos fiscais, aumentando a produtividade e combatendo a má alocação de recursos mostra-se como estratégia fundamental para a manutenção do crescimento da economia em taxas superiores às observadas nos últimos anos”, afirma o documento.
Nesta quarta-feira, o Senado Federal deve votar a PEC Emergencial. A medida, prevê gatilhos em momentos de crise e abre espaço para uma nova rodada do auxílio emergencial. Vista como contrapartida fundamental para o pagamento do benefício, há preocupação de que a agenda de reformas — que pouco caminhou desde a aprovação da Previdência em 2019 — fique em segundo plano.
Para reforçar o argumento, a Secretaria pontua que os desafios da crise sanitária continuam em 2021 e que é preciso fortalecer as bases do país.
“Ademais, existe um amplo rol de medidas referentes à melhoria da segurança jurídica, correção da má alocação de recursos, aumento da produtividade e consolidação fiscal em debate no Congresso Nacional. Todas essas medidas em conjunto permitirão um aumento gradativo da confiança na economia brasileira e serão determinantes na agenda econômica de 2021”, diz o documento que não cita a PEC Emergencial entre as medidas. Enquanto isso, reformas e ajuste fiscal foram citados mais de sete vezes em um documento de quatro páginas.