OMS desaconselha exigência de imunização para viajantes internacionais
Indicação se dá poucos dias depois de a presidente da Comissão Europeia anunciar propostas para implementação de 'passe verde' de aceitação comum na UE
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou nesta quarta-feira, 3, que aeroportos e outros pontos de entrada dos países não devem exigir que viajantes comprovem a imunização ao novo coronavírus para entrar nos respectivos territórios.
A informação consta no informe epidemiológico semanal divulgado pela agência, que insiste que os agentes imunizantes não podem ser requisitos para o trânsito internacional, pois ainda não são conhecidos os efeitos deles na redução dos contágios, na duração da imunidade que proporcionam ou se protegem contra formas leves da Covid-19.
A indicação se dá poucos dias depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciar que apresentará propostas para a implementação de um “passe verde” de aceitação comum na União Europeia. O termo usado por Von der Leyen é o mesmo usado pelo governo de Israel para se referir a um documento digital ou impresso que demonstra que o portador foi inoculado e, portanto, pode entrar em locais de entretenimento, esportivos e gastronômicos
A iniciativa teria como objetivo fornecer tanto a prova da vacinação como os resultados de testes de detecção de contágios. No entanto, a UE vive atualmente um intenso debate sobre como esse passe poderia ser usado. Países que dependem de uma retomada do turismo, como a Grécia, e companhias aéreas, aspiram que o documento sirva como um “passaporte de saúde” que permita aos imunizados evitar exames ou quarentenas durante as viagens. No entanto, a maioria dos países da UE —liderados por França e Alemanha— considera que é prematuro tal iniciativa.
No boletim, a OMS indicou que “dar prioridade para os viajantes pode ter como consequência uma inadequada distribuição das doses para pessoas com alto risco de contrair formas graves da doença provocada pelo novo coronavírus”. Para a agência, o uso de “certificados de imunidade” para passageiros internacionais — que pode vir da vacina ou da apresentação de anticorpos, por a pessoa já ter sido infectada previamente —, não são recomendáveis, “nem estão apoiados atualmente por evidências científicas”.
A organização também reiterou que as pessoas com mais de 60 anos, com doenças crônicas e outros grupos de risco devem evitar viajar para países com contágio elevado da Covid-19. Por outro lado, ressaltou que os passageiros internacionais não devem “ser considerados por natureza, casos suspeitos” da doença.
Em 2020, o tráfego de passageiros internacionais caiu cerca de 60%, na comparação com 2019 (2,7 bilhões a menos), o que custou às companhias aéreas uma perda de receita calculada em 37 bilhões de dólares, equivalente a 210,3 bilhões de reais.