Na volta dos negócios no Brasil, após dias de baixa liquidez devido aos feriados, o dólar retomou a valorização e se aproximou de 2,10 reais. A moeda fechou o dia em alta de 0,43% cotada a 2,094 reais – o maior patamar de fechamento desde 15 de maio de 2009, quanto estava em 2,11 reais.
Na sexta-feira, a moeda americana havia fechado em 2,08 reais – maior valor em três anos e meio. Analistas atribuíram a cotação ao agravamento da crise na Europa e ao temor do ‘abismo fiscal’ nos Estados Unidos. Além disso, o feriado prolongado acabou reduzindo o volume de negociações de câmbio no mercado brasileiro.
Contudo, uma declaração da presidente Dilma Rousseff ao jornal ‘Valor Econômico’, na terça-feira, evidenciou que o governo pode estar vislumbrando uma nova banda para a cotação do dólar – muito mais próxima de 2,10 reais do que os atuais 2 reais. “Nós estamos em busca de um câmbio que não seja esse de um dólar desvalorizado e o real supervalorizado”, disse Dilma.
Essa percepção foi ampliada depois que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que a alta do dólar para patamares de 2,10 reais é normal e decorre de movimentos de mercado que têm afetado diversas moedas ao redor do mundo. “O câmbio está flutuando. Assim como o real se desvalorizou, todas as outras moedas também caíram em relação ao dólar”, disse o ministro na tarde desta quarta-feira.
Na avaliação de analistas, é justamente por essa convicção do governo (de que o real está ainda forte) que o Banco Central se manteve fora do mercado e não tentou conter a desvalorização cambial nos últimos dias. Segundo o analista da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert Wood, a estratégia – ainda que não-oficial – do Planalto poderá ter impacto nocivo no ambiente macroeconômico, sobretudo na inflação. “Mesmo que um real mais fraco seja visto como forma de melhorar a competitividade dos produtos brasileiros e aumentar o investimento privado, as incertezas em relação à política monetária estão atrapalhando a confiança do investidor”, disse Wood.
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