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Aplicativos de delivery ofertam R$ 600 milhões em crédito a restaurantes

iFood, Rappi e Uber Eats anunciaram ações para estimular vendas; setor aguarda reedição de medidas do governo, como o BEm e o Pronampe

Por Diego Gimenes
Atualizado em 9 abr 2021, 23h21 - Publicado em 9 abr 2021, 16h13
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  • A disparada no número de casos de mortes por Covid-19 no Brasil atingiu em cheio os bares e restaurantes. Se a retomada desse setor já se apresentava um tanto quanto complexa pela própria natureza das restrições, que zelam pelo distanciamento social entre as pessoas, e pela alta na inflação, agora, com os salões fechados e a menor circulação de pessoas nas ruas, os desafios foram multiplicados. Diante dessa situação – e sem qualquer tipo de sinalização das autoridades –, os aplicativos de delivery oferecem linhas de créditos para os estabelecimentos associados e diminuem temporariamente algumas de suas comissões para estimular as vendas.

    Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) com 2 mil empresários do setor revela que a situação dos estabelecimentos é crítica. Cerca de 35 mil empresas do setor de alimentação fora do lar encerraram as atividades somente no ano de 2021, o que teria eliminado cerca de 100 mil postos de trabalho. A pesquisa ainda aponta que 91% desses negócios enfrentam problemas para pagar os salários de abril — sendo que 76% já tiveram dificuldades para honrar a folha de março.

    A linha criada pelo iFood tem prazo de pagamento que varia de 6 a 12 meses, com até 2 meses de carência e taxa de juros a partir de 1,99% ao mês. O crédito fica disponível pela própria conta digital do aplicativo. O objetivo da companhia é oferecer mais de 500 milhões de reais aos restaurantes ao longo de 2021. Em paralelo, a foodtech reduziu de 23% para 18% a própria comissão para os estabelecimentos que operam via entrega iFood (logística da plataforma), e de 12% para 11% aos restaurantes que atuam no marketplace (entrega própria). Contudo, a medida tem validade somente até a próxima quarta-feira, 14. Além disso, o repasse dos recebíveis vai continuar em até sete dias após a venda, sem taxa adicional, até 30 de junho, para todos os restaurantes ativos há mais de 30 dias na plataforma.

    O Rappi anunciou uma ajuda de 100 milhões de reais para auxiliar o fluxo de caixa dos restaurantes parceiros. No início de abril, a empresa já havia reduzido a sua comissão máxima para 18% no modelo full service (quando a entrega é feita pela Rappi), com duração prevista até 30 de junho. Já para o modelo marketplace (quando a entrega é feita pelo restaurante), a comissão máxima será de 5%, até 31 de dezembro. A ação vale somente para os restaurantes associados da Abrasel e da Associação Nacional de Restaurantes (ANR). O repasse de pagamentos também caiu de 14 dias para 7 dias.

    Na esteira, o Uber Eats anunciou que os negócios que operam com rede própria de entregadores poderão pagar 5% de taxa por um mês, enquanto aqueles que utilizam entregadores parceiros da plataforma poderão pagar 18% de taxa, nesse período que passou a valer na última quinta-feira, 8, para os restaurantes elegíveis e que confirmaram a intenção de ter o desconto. Além disso, os novos restaurantes com rede própria de entregadores que se cadastrarem na plataforma durante o mês de abril terão 30 dias para testar o serviço sem pagar taxas. Já para os restaurantes que entrarem optando por utilizar os entregadores parceiros do aplicativo, a taxa por pedido será reduzida e fixada em 18%, também por 30 dias. Em vez de linhas de crédito, o Uber Eats anunciou um investimento de aproximadamente 70 milhões de reais em ações de marketing e promoções na plataforma, para gerar demanda aos restaurantes cadastrados.

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    A Abrasel critica a demora na reedição de medidas já prometidas pelo governo federal, como o BEm, programa de suspensão de contratos e redução de jornadas, e o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), linha de crédito voltada às pequenas empresas, com garantias oferecidas pela União. “Estamos há mais de dois meses na espera de uma nova MP dos salários, que permita a suspensão de contratos ou redução de jornada, com a contrapartida do BEm, o benefício emergencial. Sem isso, mesmo caminhando para a reabertura, muitos estabelecimentos não irão aguentar”, relata Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

    O setor ainda alega que a prorrogação da carência das parcelas do Pronampe, anunciada em março pelo governo, ainda não chegou na ponta final, uma vez que os bancos têm autonomia para aderir ou não à decisão. Sem o BEm, sem a prorrogação do Pronampe e sem previsão de melhora da pandemia no país, o risco de uma quebradeira em série entre os bares e restaurantes é real, para não dizer iminente.

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