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Punk dá as caras no Rock in Rio em versão cansada e apagada

Com um line-up que foi de Billy Idol a Billie Joe, o festival apresentou uma programação que comprovou que o punk já não é mais tão rebelde assim

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 set 2022, 11h40 - Publicado em 10 set 2022, 10h52

O público que conseguiu assistir a todos os shows dos dois palcos principais do Rock in Rio nesta sexta-feira, 9, indiretamente ganhou uma aula de história da evolução do punk – e infelizmente constatou que o ritmo outrora rebelde e contestador – está cansado e apagado. Um dos artistas seminais do gênero, o britânico Billy Idol, que surgiu na esteira dos Sex Pistols, fez um show para uma plateia vazia já que boa parte do público preferiu aguardar no outro palco pela apresentação de Avril Lavigne. O músico aparentou estar cansado e com a voz falhando. Quando interpretou seu principal hit, Eyes Without a Face, após errar a música, ele parou e pediu para repetir a canção outras duas vezes. Com seu cabelo platinado e espetado – visual imitado desde sempre pelo brasileiro Supla, Idol foi um dos poucos punks daquela época a conseguir emplacar sucessos comerciais para além do movimento, enveredando pelas baladas românticas como Dancing With Myself.

Por falar em baladas românticas, mais cedo, o emo já tinha dado as caras no palco Sunset com Di Ferrero (vocalista do NX Zero) em uma improvável parceria com o solar Vitor Kley. Debaixo de um sol inclemente, a dupla fez um show que misturou hits dos dois artistas, numa bizarra combinação de emo com pop fofinho e hits açucarados capazes de elevar a glicose de qualquer um. O emo também apareceu com a banda Fresno, convidada do Itaú para tocar em um palco montado pelo banco no Rock in Rio. A banda, que nunca se envergonhou do rótulo emo, fez um pocket show comportado. Em março, no Lollapalooza, o grupo exibiu no telão a frase “Fora Bolsonaro”. Desta vez, como contratada de uma atração patrocinada pelo banco, o grupo se comportou e não fez manifestação política.

Na sequência foi a vez da cantora Avril Lavigne, percussora do pop punk dos anos 2000. Também com um semblante de cansada, a artista americana foi prejudicado pela escolha do palco Sunset, que não comportou o público. Boa parte dos fãs não conseguiu assistir ou ouvir o show por pura falta de espaço no gramado. Nos últimos anos, Avril se transformou nos em uma espécie de diva do pop punk após o ritmo ter sido resgatado do limbo por jovens artistas como Olivia Rodrigo, Machine Gun Kelly e Yungblud.  Em entrevista a VEJA, o criador do Rock in Rio, Roberto Medina, afirmou que pretendia colocar a cantora no palco Mundo. “Eu queria que a Avril Lavigne estivesse no Palco Mundo, mas não deu tempo, já estava fechado, e ela foi pro Sunset”, explicou Medina.

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O mesmo pop punk que fez a cabeça de Avril Lavigne foi apresentado no palco Mundo pelo Fall Out Boy, em um show feito apenas para esquentar a plateia para o Green Day, esta, sim, a grande atração da noite. Aos 50 anos de idade, o vocalista Billie Joe, do Green Day, deu uma aula de animação no Rock in Rio e entregou – se não a melhor apresentação do festival até agora – pelo menos a mais divertida. A banda chamou ao palco duas pessoas da plateia – uma para cantar e outra para tocar guitarra – e permitiu até que um rapaz pedisse em casamento a namorada. Para além dessas brincadeiras, o grupo tocou hits radiofônicos entoados em coro pela plateia, como When I Come Around, American Idiot, Welcome to Pardise e Basket Case. A apresentação, no entanto, foi uma exceção em um dia que mostrou que o punk já não é mais aquele rebelde de antigamente.

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