Amy e Frank são jovens solteiros na antiga busca humana pelo amor. Os dois se conhecem em um jantar romântico arranjado. Juntos, eles riem, comem (e dividem entre si) seus pratos favoritos e demonstram uma química pulsante. Quando decidem verificar em seus aparelhos do sistema quanto tempo estão destinados a estarem juntos, o veredito decepciona: 12 míseras horas. O período é passado por eles de forma afetuosa e delicada, de mãos dadas, conversando na cama.
Em seu episódio mais romântico desde San Junipero, Black Mirror dá verniz ao amor em tempos de Tinder. O sistema elaborado pela série propõe que todos podem encontrar sua alma gêmea. Para isso, as pessoas vivem em uma estranha sociedade isolada, onde são obrigadas a participar de encontros e permanecer em namoros eleitos e datados pela tecnologia.
“E se o sistema te joga de relacionamento em relacionamento, até você ficar cansado e aceitar o que ele diz ser o seu par perfeito?”, questiona Amy, em uma analogia entre sistema e vida real.
Separados pelo dispositivo, Amy (Georgina Campbell da série Broadchurch) e Frank (Joe Cole, de Peaky Blinders) ganham uma nova chance após namoros longos e sofridos. Mas uma reviravolta aumenta a tensão do melancólico roteiro. Quer continuar lendo sobre o final? Se já viu o episódio, ou não se importa com spoiler, continue o texto após o trailer.
Alerta: spoiler sobre o final do episódio Hang the DJ, de Black Mirror
Após muitos minutos no que parece ser uma crítica à tecnologia como medida de algo tão intricado como o amor, o episódio chega ao fim com uma virada total ao defender que sim, os aplicativos funcionam. O casal acompanhado ao longo do episódio nada mais é que uma de 1.000 versões de testes virtuais, que analisavam a compatibilidade do romance. De todas as versões, a dupla se rebela contra o sistema 998 vezes, dando ao aplicativo o resultado da combinação: 99,8% de chances de o romance dar certo. Quando Amy e Frank da vida real se encontram no bar, ao fundo, toca a música Panic!, da banda The Smiths, que repete a frase “Hang the DJ” (enforquem o DJ) no refrão. Na letra da canção, Morrissey e Johnny Marr fazem um protesto contra as músicas enlatadas das pistas de dança, pedindo pela revolta dos ouvintes contra um sistema que dita como você deve se comportar.
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