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José de Abreu sobre Cássia Kis: ‘É uma coisa assustadora’

Em entrevista a VEJA, ator explica o que o motivou a mover ação contra falas homofóbicas da colega, de quem já foi par romântico em novelas

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 nov 2022, 09h00

No ar em Mar do sertão, José de Abreu move três ações contra Cássia Kis por declarações consideradas homofóbicas. Em conversa com a coluna, ele explica o que o motivou a ir a esferas superiores para tentar frear as atitudes extremas que a atriz vem tornando públicas. José conta que o clima na Globo – e não só em Travessia, novela da qual ela faz parte – ficou tenso desde que as polêmicas se tornaram públicas. Além disso, o ator relembra quando atuou na campanha eleitoral de Dilma, em 2010, e por que não estava no palanque no discurso da vitória de Lula (PT) em 30 outubro.

O que o motivou a mover três ações contra Cássia Kis? Há três anos, minha filha mais nova se descobriu trans. Tive que evoluir rapidamente, aceitei de imediato e começamos a, vamos dizer, estudar o assunto, procurar auxílio médico, psicológico, tudo… Porque quando ela me contou, já havia dois anos que tinha certeza de ser trans. Minha família aceitou muito bem, todos os irmãos, as irmãs dela… Ao mesmo tempo, fiquei muito com medo, o Brasil é o país que mais mata trans no mundo. Ela tem 1,82m, é impossível passar despercebida. E de repente vem uma colega, com quem já trabalhei pelo menos três vezes como par romântico, e faz uma declaração homofóbica! Aquilo me causou uma repulsa, sabe?

O que pensa sobre ela? É uma excelente atriz, é uma estrela, uma pessoa que tem um respeito artístico muito grande. Mas aí ela coloca que isso não é família, que esse tipo de pessoa é para acabar com a família, acabar com a civilização, para acabar com a humanidade! Isso desumaniza tudo. Só é certo se for hétero? E quem não for o que ela acha que é o certo, faz o quê? Quer dizer, só existe a certeza dela e, pelo que diz, é uma certeza cristã.

Cássia te procurou depois das ações? Não, não, a gente já se bloqueou no WhatsApp faz muitos anos. Ela me mandava coisas… A última que eu li, resolvi bloquear. Foi quando ela falou que a Folha, a VEJA era comunista. Eu me lembro que a última mensagem dela era isso. Chamava veículos de comunistas, petistas… Uma coisa!

Tem acompanhado as notícias dela nesses atos antidemocráticos? Olha, ela ir a esses atos é problema dela, mas está cometendo crime né? Cada vez que ela vai num ato desse, e pega o microfone e reza e tal, deve ter alguém do Ministério Público olhando isso porque são atos golpistas. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é crime participar de ato antidemocrático.

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Vocês fizeram algumas novelas juntos. Ela já causava problema? A primeira novela que a gente fez já foi difícil, Posto dos Milagres (2001). Sempre foi muito impetuosa, mas a gente acostuma, não considera tudo que fala, isso não impede de trabalhar. Até um certo limite. Durante Os Dias Eram Assim (2017), quando fiz o namorado dela, soube que ela chamou o (juiz da Lava Jato) Daltan Dallagnol para jantar na sua casa! Ela tem todo o direito de ser bolsonarista, mas não tem o direito de ser homofóbica.

Na sua opinião, por que a TV Globo não tirar a Cássia do ar? É, acho que eles não querem tomar uma atitude que pode ser considerada intempestiva. A Globo nunca se meteu na vida pessoal dos seus contratados. Tentaram me tirar da Globo milhões de vezes e é sempre assim: ‘A Globo não interfere na vida pessoal dos seus contratados’. Tem a diretoria de diversidade agora. É o maior barato. Por isso o mais estranho é agora vir (um ataque) de um meio onde a diversidade é imensa. A homofobia, pelo que senti lá dentro, assustou todo mundo na Globo. É uma coisa assustadora.

O que pretende fazer com o dinheiro da indenização, caso ganhe na Justiça? O dinheiro… Estão no Twitter falando que eu quero 500 mil reais, obviamente esse dinheiro não é para mim. Não é dinheiro para guardar, é para desfazer o mal que foi feito, reverter para a sociedade. Não sou louco, não quero nada da Cássia Kis. Se ela se retratasse, já seria bom.

Por que pediu para sua filha não vir no final de ano? A gente resolveu que ela vem em fevereiro, porque eu terei parado de gravar. E a gente vai poder ficar mais junto. Fico muito apavorado. Já perdi um filho mais velho. Não suportaria acontecer alguma coisa com a minha filha.

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Ainda sofre ataques nas ruas por sua posição política? A minha quarentena começou depois que fui ao Domingão do Faustão, em 2016, e defendi a Dilma. Aquilo criou uma revolta absurda na direita. E eu moro no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, é muito bolsonarista. Então saio muito pouco, vou em restaurante que o dono é meu amigo e me bota lá perto do caixa, não deixa ninguém me encher o saco, porque sempre tem problema. No supermercado sempre ouço: ‘E aí? Vai trazer o ladrão de volta?’.

Você estava no palanque no primeiro discurso de vitória da Dilma, em 2010. Agora, não foi visto no do Lula. Por quê? Os três coordenadores (da campanha de Dilma) eram Antônio Palocci, o falecido José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo. Estavam no palco e alguém me puxou para perto. Agora foi diferente, eu estava lá também, mas fora do palco. Na época falaram que eu estava lá representando o José Dirceu, outros que eu estava representando a Globo. Na realidade foi por causa do meu trabalho no Twitter, foi a primeira campanha eleitoral com o Twitter. Eu fiz muito isso para a Dilma.

Você foi o Janones daquela eleição? Foi (risos). Mais ou menos a mesma coisa. Fui a pessoa física mais influente politicamente no Twitter naquele ano. E acima de mim era assim, O Globo, TV Globo, VEJA, só veículos de comunicação. Foi uma época atribulada, mas uma política muito mais leve. Mas ali começou isso de agredir, a chamar minha mulher de vagabunda, foi horrível.

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