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“Não há sonhos de imortalidade”, diz produtor de show com avatares do Abba

Ludvig Andersson, filho do cantor e compositor Benny Andersson, falou com VEJA sobre o sucesso do espetáculo em que a banda é recriada digitalmente no palco

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 mar 2024, 10h51

Filho do vocalista e compositor do Abba, Benny Andersson, o produtor Ludvig, de 42 anos, é hoje o principal responsável pelo legado do grupo sueco. Nos últimos anos, Ludvig tem se dedicado a manter viva a história do quarteto, em projetos como o filme Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo Você (2018) e, mais recentemente, no tecnológico espetáculo Abba Voyage, em cartaz em Londres e visto por mais de um milhão de pessoas.

Criado para divulgar o primeiro álbum de inéditas do Abba em 40 anos, Voyage, o espetáculo criou avatares digitais com as feições mais jovens de Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson, Anni-Frid Lyngstad, todos na casa dos 70 anos. No show, os fãs têm a sensação de ver ao vivo o Abba em seu auge, cantando seus principais hits, mas também as músicas do disco novo. O resultado deu tão certo que o espetáculo, previsto para ficar em cartaz até dezembro do ano passado, foi renovado e não tem mais data para acabar.

O uso da nova tecnologia de avatares, que cria a sensação de estarmos vendo hologramas rejuvenescidos dos músicos, deu tão certo que a ela já está sendo usada por outros artistas. Recentemente, a banda Kiss anunciou seus próprios avatares, feitos pela mesma empresa que criou os do Abba. Elvis Presley também ganhará o seu, produzido por outra empresa. O fato é que a nova tecnologia permitirá no futuro que grupos de sucesso continuem na estrada indefinidamente, sem sofrer com o peso da idade nas cansativas turnês, provocando uma sensação bastante semelhante nos fãs se eles estivessem assistindo os ídolos em carne e osso.

Ludvig, conversou com VEJA por videoconferência de Londres, para onde ele se mudou para cuidar do Abba Voyage, sobre a renovação do espetáculo e também sobre o futuro do entretenimento, do uso da nova tecnologia e da aposentadoria do pai e dos colegas de Abba. Leia a seguir os principais trechos: 

O espetáculo Abba Voyage teve sua temporada estendida até o fim do ano. Como explicar a popularidade do grupo até hoje? Sim, estamos vendendo ingressos até o fim do ano, mas esperamos ficar em cartaz indefinidamente. Não há data definida para encerramos a atração. Sobre a popularidade do Abba, meu palpite deve ser tão bom quanto o seu: eu não sei. Embora o grupo tenha ficado ativo por apenas oito anos, eu acho que o sucesso permaneceu devido à combinação das vozes de Anni-Frid e Agnetha. Um pouco de sorte, também. A verdade é que eu não sei. Ninguém sabe.

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Em Abba Voyage, o quarteto surge em forma de avatar virtual rejuvenescido. Você acredita que esse tipo de show causa a mesma experiência, sentimentos e sensações no público se eles estivessem vendo o grupo em carne e osso? Sim e não. São duas coisas diferentes. Acho não haver comparação. Nosso show conta com uma banda ao vivo com dez músicos no palco. É tudo ao vivo, exceto pelo próprio Abba. É um show emocionante. Não acho que estamos competindo com ninguém ou que esse espetáculo seja melhor ou pior do que qualquer outra coisa. É único.

A tecnologia usada para criar os abbatars (avatares do Abba) poderá, no futuro, ser usada com outros artistas? Não se trata apenas dos avatares. Há muito mais em nosso show. É claro que é possível fazer algo semelhante. Porém, simplesmente pelo fato da tecnologia estar disponível não significa que vá fazer sucesso com outros grupos. É como dizer: tenho uma câmera e um microfone e farei Poderoso Chefão. Não funciona assim. A tecnologia é apenas um veículo. Acho que nada muda, na verdade. Não inventamos nada. A novidade é a escala de como fizemos isso. Mas, não nenhuma mágica envolvida. Se isso terá um efeito no futuro, é impossível dizer. Não estamos tentando mudar o curso do entretenimento ao vivo. Só queríamos fazer uma coisa legal.

A banda Kiss anunciou recentemente ter criado seus avatares usando a mesma tecnologia do Abba. O que achou disso? Eles trabalharam com algumas das mesmas pessoas com quem trabalhamos. Não vi como ficou ainda, mas tenho certeza que ficará ótimo e que eles farão algo super legal. Espero que seja diferente do que fizemos porque, caso contrário, qual seria o sentido? Sim, talvez mais pessoas façam isso. Mas, novamente, meu conselho seria: não presuma que criar um avatar realista seja suficiente. Ele tem que existir em um contexto maior e que se sustente. Ver os avatares no palco é legal por 15 segundos. Depois, você precisa ter outra coisa. Como toda arte, é sobre ter alma, coração e emoção. Nossa meta era fazer algo que o público sentisse em vez de apenas ver.

Como foi o envolvimento dos quatro integrantes do Abba? Eles realmente se envolveram na produção. Não é como se fosse uma cópia virtual deles feito por uma empresa. Na verdade, foi o próprio Abba que quis fazer isso. O público pode sentir isso também. Eles quiseram fazer isso porque sentiram que seria a coisa mais legal que poderiam fazer em 2022, quarenta anos depois do último álbum de inéditas do grupo. Tenho certeza que todos tínhamos dúvidas do resultado até começarmos a ver como estava ficando. Foi um processo longo, mas todos acreditávamos na Industrial Light & Magic (ILM), que foi nossa parceira na criação dos avatares. Passamos quase seis anos nessa produção.

Os integrantes do Abba já estão com mais de 70 anos. Você imagina que um show como esse seja a maneira ideal para imortalizá-los? Todos morreremos um dia, é claro, mas não há sonhos de imortalidade envolvidos aqui. Na verdade, o único sonho que alguém tinha era fazer algo realmente legal. E claro, sim, mesmo no futuro, quando estivermos todos mortos, talvez as pessoas ainda possam ir ver o Abba Voyage. Por outro lado, eles também podem ir ver Star Wars. Então, não é realmente diferente nesse sentido. Acho que pode ser quando você estiver lá e vendo o show. Nesse momento, você poderá sentir algo relacionado ao tempo, ao envelhecimento, à juventude e até à morte, quem sabe?

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O show é também uma maneira de garantir uma boa aposentadoria para o quarteto? Não, porque ainda não há receita do show. Precisamos vender mais alguns ingressos primeiro. Não se esqueça, foram eles que pagaram por isso. Se o Abba quisesse ganhar muito dinheiro, essa não seria a melhor maneira de fazer isso. É muito arriscado. Não quero falar sobre negócios, mas estamos indo muito bem. Ainda falta um pouco para que todos recebam seu dinheiro de volta. A aposentadoria deles provavelmente já estava garantida há um bom tempo. Não acho que precisamos nos preocupar com a situação financeira do Abba.

Você é filho do Benny e nos últimos anos, além do espetáculo Abba Voyage, foi responsável também pela produção do filme Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo Você (2018). Voce se sente responsável por gerenciar o legado do da banda?  Sim, esse é o meu trabalh. Sou responsável por isso. Acho que sempre serei. Tenho dois irmãos e uma irmã, mas eles têm suas vidas e fazem suas próprias coisas. Eles não estão envolvidos nisso em particular. Porém, qualquer decisão que eu vá tomar sobre o Abba, preciso consultar os quatro integrantes antes.

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