Raul Araújo, o ministro que manchou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com uma das mais vergonhosas decisões da corte em sua história, já recebeu condecoração de Jair Bolsonaro e negou liminar pedida para a retirada de outdoors em defesa do presidente.
É o compadrio escancarado.
Como será que estão as caras dos outros seis magistrados da corte, colegas de togas de Raul Araújo, após ele classificar como propaganda eleitoral as manifestações políticas de Pabllo Vittar e da cantora galesa Marina, determinando multa de R$ 50 mil para o Lollapalooza.
(Uma pausa: enquanto isso, Bolsonaro faz campanha eleitoral à luz do dia, lançando sua pré-candidatura à presidência)
É urgente que a corte derrube essa decisão, sob pena do Tribunal Superior Eleitoral ficar marcado como aquele que censura manifestações públicas de artistas em pleno século XXI, 58 anos após o início do regime militar, a ditadura que censurou Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros.
Só numa República de Bananas um juiz pode calar a boca de artistas, a alma da nossa cultura, ainda mais músicos como Pabllo e Marina. Que vergonha ver o país se esfacelar não só com Bolsonaro, mas com o que o bolsonarismo representa.
Raul Araújo – que me desculpe esse juiz – nada mais é que o fruto do aparelhamento desse movimento que carrega o nome do presidente da República, e que tirou do armário uma direita extrema e hidrófoba, mas também ridícula.
Luciano Huck foi muito feliz ao comparar a decisão de Raul Araújo à censura imposta a artistas durante os anos mais duros da ditadura, aqueles de chumbo. O apresentador deu ao ato de Raul Araújo a vergonha que ele merece.
Se o Brasil decidir censurar seus artistas estará fracassando. Novamente – e de forma sequencial. O país já fracassou demais nesses últimos anos.