O último canto indígena para Bruno Pereira
Povo Kanamary entoou - de forma inesperada - hino em cartório eleitoral que ganhou o nome do indigenista assassinado na Amazônia
Brutalmente assassinado em junho deste ano, o indigenista Bruno Pereira recebeu o último canto da etnia Kanamary no batismo do cartório da 42ª Zona Eleitoral, em Atalaia do Norte, no interior do Amazonas, que recebeu seu nome.
A homenagem, uma iniciativa do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), reconheceu a colaboração do indigenista na criação de novas seções eleitorais em áreas do Vale do Javari que levam a cidadania do voto às aldeias dos povos originários.
Estiveram presentes no doloroso evento o presidente do TRE-AM, desembargador Jorge Lins, a Vice-Presidente do TRE-AM, desembargadora Carla Reis, e o Vice-Presidente da Univaja, Valmyr Kanamary, instituição onde Bruno Pereira trabalhava após ser marginalizado pela Funai apenas por cumprir seu dever.
Mesmo com a presença dessas autoridades locais, o momento mais marcante foi quando um indígena Kanamary entoou – de forma inesperada – o canto apreendido por Bruno Pereira com a etnia em meio à floresta, e que ganhou repercussão internacional após o seu assassinato.
O indigenista trabalhou duramente, desde 2014, para levar cartórios – braços das zonas eleitorais – para dentro do Vale do Javari, a Terra Indígena na Amazônia com o maior número de povos isolados do mundo e pela qual ele deu sua vida.
Assista o canto do indígena Kanamary enviado à coluna. O nome da música é “ayahuasca”: