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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Exclusivo: Bruno Pereira fez denúncia sobre região onde morreu; Ouça

A coluna tem conversas gravadas com o indigenista: “Imagine para onde isso está caminhando... Os caras vão implodir aquela frente de proteção”, disse

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jun 2022, 12h09 - Publicado em 15 jun 2022, 17h08

O indigenista Bruno Pereira enxergava a gravidade da situação no Vale do Javari, na Amazônia, onde foi assassinado ao lado do jornalista Dom Phillips. Ele deixou isso claro, alguns meses atrás, quando ocorreu a troca do coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) na região com mais índios isolados do planeta Terra.

É o que revela uma conversa inédita dele com a coluna.

Nesse trecho, Bruno Pereira mostra a sua preocupação com a violência de pescadores ilegais, desmatadores e outros criminosos contra a Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental, uma das bases responsáveis por executar as ações da área de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Funai.

Bruno Pereira achava que deveria ser perguntada à Funai e à Força Nacional a razão de eles não estarem protegendo a FPE, no Vale do Javari, vítima de diversos ataques de criminosos nos últimos anos, como já demonstrado neste espaço. 

O diálogo também é revelador dos malfeitos da ala ideológica de um governo que pretende a todo momento aparelhar o Estado com nomeações políticas para cargos técnicos, mesmo com a escalada da violência em terras indígenas.

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No caso da Funai, o mais grave é o aparelhamento dos postos-chave por evangélicos, ruralistas e militares, três bases importantes de apoio para a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

O indigenista afirma, após o novo coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari tomar posse, que os criminosos iam “implodir” a base da Funai, à medida que o governo Bolsonaro atuava para tirar servidores de carreira, capacitados, dos postos-chave da Fundação.

[É preciso ver] com a Força Nacional o porquê deles não terem ido à campo e à própria Funai, entendeu? Ele nem abriu a caixa eletrônica do SEI. Tem 15 dias que ele está lá. 14 dias. Velho, o SEI é a alma da gestão pública, né, Matheus? Ou seja: imagine para onde isso está caminhando… Os caras vão implodir aquela frente de proteção.”

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Saiba o que é SEI ao final da reportagem.

Bruno Pereira continuou: “O primeiro passo vai ser esse: a Força Nacional não vai proteger a base, depois não vai conseguir trocar a equipe. Tem uma equipe que está lá naquele acampamento de contato, Matheus, no Coari, que a gente fez a expedição no ano passado. Lembra? Você deu aí também a expedição. Tem uma equipe de dez pessoas lá dentro. Se ele não se garantir, ele não troca essa equipe, não paga, sabe? Não bota gasolina, acampamento”.

GRAVAÇÕES

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A coluna tem conversas gravadas com o indigenista Bruno Pereira sobre a situação de risco no Vale do Javari e os muitos erros e as diversas perseguições que aconteceram nos últimos anos na Fundação Nacional do Índio.

Os diálogos ocorreram a meu pedido e são o resultado da relação de confiança estabelecida entre um jornalista e uma fonte que, por vários anos, trocaram informações, principalmente durante o governo Jair Bolsonaro, quando a crise da Funai se agravou.

A coluna trará trechos neste espaço porque os alertas do Bruno elucidam o ambiente de crime que este governo permitiu que se espalhasse pela Amazônia, e também são uma radiografia do cotidiano desse desmonte institucional da Fundação. 

Na época em que conversamos era para a não divulgação da fonte, mas agora a voz do Bruno é ainda mais importante para elucidar os graves fatos na região amazônica – mais especificamente no Vale do Javari, dominado por criminosos.

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Trata também do custo para os país do desmantelamento da Funai no atual governo, com a ausência do Estado e, agora, a crueldade cometida contra o indigenista e o jornalista. 

Por isso, esta coluna não deixará que as denúncias de Bruno Pereira morram com ele.

O QUE É O SEI

O Sistema Eletrônico de Informações (SEI), citado por Bruno Pereira no diálogo, é uma plataforma de produção e gestão de documentos e processos eletrônicos desenvolvido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e cedido gratuitamente à administração pública.

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O sistema é responsável por uma pequena melhora no desempenho dos processos públicos, com ganhos em agilidade, produtividade e redução de custos.

Utilizado também pela Funai, o SEI engloba um conjunto de módulos e funcionalidades, tendo como principais características a libertação do paradigma do papel como suporte físico para documentos institucionais e o compartilhamento do conhecimento com atualização e comunicação de novos eventos em tempo real.

Dada sua importância para gestão, é esperado que indicados para assumir cargos públicos saibam operar o SEI, sistema pelo qual são tramitados os documentos importantes para a execução de suas atividades, hoje fundamental para o andamento do trabalho – ainda mais em áreas remotas como a da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari.

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