Acendeu a luz vermelha para o pacote fiscal de Haddad e Lula
Entenda por que as preocupações com o mérito e a viabilidade política do plano de cortes sugerem dificuldades à frente no cenário econômico brasileiro
Em meio às turbulências políticas e econômicas, uma frase de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, evidencia as dificuldades que o governo Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrentam com seu pacote fiscal. Lira mencionou que o pacote “tem problema de mérito, não só de prazo”, uma afirmação que reflete os desafios ligados ao trâmite, mas também uma resistência bastante considerável dentro do Congresso Nacional.
Esta resistência é iluminada pela controvérsia em torno de questões importantes como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e ajustes no salário mínimo — assuntos que se mostraram divisivos entre os legisladores. A ausência de votos suficientes para passar as medidas como estão atualmente formuladas sinaliza um alarme vermelho para Haddad e sua equipe econômica, num momento em que a estabilidade fiscal do país já está sob intensa observação dos mercados financeiros.
Além disso, as recentes decisões do Banco Central, que indicam um provável aumento nas taxas de juros — talvez um ajuste severo de até 1 ponto percentual —, complicam ainda mais o panorama. Esta ação, embora destinada a combater a inflação persistente que supera o teto da meta de 4,5%, pode também estrangular o crescimento econômico, arriscando um efeito dominó sobre o emprego e o consumo.
Os sinais do mercado são mistos, mas inclinados para o pessimismo, como refletido na reação do dólar e nas taxas de juros longas. A inflação, embora tenha desacelerado em novembro, permanece acima do alvo, alimentando o debate sobre a eficácia das políticas monetárias e fiscais atuais.
O cenário é complicado pelo ambiente político instável, onde as negociações para desbloquear emendas parlamentares — fundamentais para a aprovação do pacote fiscal — enfrentam obstáculos legais e éticos. A recente decisão do Supremo Tribunal Federal que exige maior transparência nas emendas apenas adiciona outra camada de complexidade ao processo.
A gestão de Haddad e consequentemente do governo, mais do que nunca, precisa estabilizar os desconfortos do mercado e balancear as demandas imediatas de controle fiscal com as pressões políticas internas.
O pacote fiscal não é apenas uma medida econômica, mas sim um teste significativo da capacidade do governo de operar dentro de um ambiente político instável e um panorama econômico incerto.