PGR pede inclusão de Bolsonaro em investigações de atos terroristas
Subprocurador justifica que vídeo no qual Bolsonaro questiona regularidade das eleições consiste em incitação pública à prática de crime
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que pretende investigar os “autores intelectuais” e os “instigadores” dos atos antidemocráticos e de terrorismo que aconteceram em Brasília no último domingo, 8.
Essa é a primeira vez em que há uma solicitação oficial para que o ex-presidente passe a fazer parte das apurações. Segunda sua defesa, Bolsonaro “sempre repudiou atos ilegais e criminosos” e condena os atos de vandalismo e depredação “cometido por infiltrados”. Leia a íntegra do comunicado do advogado Frederick Wassef.
Assinada por membros do Ministério Público Federal (MPF), a representação sugere que, ao postar um vídeo no dia 10 de janeiro, cujo teor questionava a regularidade das eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro teria feito incitação pública à prática de crime. A postagem mostrava um trecho de uma entrevista em que um procurador do Mato Grosso do Sul argumenta que “Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”. A publicação foi apagada após a veiculação, no dia 11 de janeiro, afirma a Procuradoria.
Segundo o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, mesmo a postagem tendo sito feita após os episódios de violência e vandalismo, as condutas apontadas devem ser investigadas. “Não se nega a existência de conexão probatória entre os fatos contidos na representação e o objeto deste inquérito, mais amplo em extensão. Por tal motivo, justifica-se a apuração global dos atos praticados antes e depois de 8 de janeiro de 2023 pelo representado”, disse.
Na última quinta-feira, 12, o grupo que coordena o combate aos atos no MPF, chefiado pelo subprocurador, já havia pedido a abertura de um inquérito específico para apurar a responsabilidade dos “autores intelectuais” dos ataques. A partir de agora, caberá à presidente do STF, a ministra Rosa Weber, analisar o pedido e decidir se abrirá a investigação. A magistrada ainda poderá encaminhar o pedido para outro ministro da Corte.