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Por Marianne Piemonte
As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.
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Vinhos jovens portugueses da Bairrada são ideais para o bacalhau de Páscoa

Produzidos por uma família envolvida no negócio há 350 anos, eles foram feitos a pedido do filho do enólogo para cair no gosto do público jovem

Por Marianne Piemonte
Atualizado em 28 mar 2024, 14h53 - Publicado em 27 mar 2024, 21h29

Portugal está em alta: é hoje o segundo país de onde o Brasil mais consome vinhos, depois do Chile. Recentemente, a nação europeia desbancou por aqui a Argentina, que era a medalha de prata nesse ranking. Para além dos investimentos, os rótulos lusitanos também vivem uma ótima fase. Os brancos do Alentejo são vibrantes, a produção de Lisboa está na moda e os tintos do Douro e do Dão esbanjam potência e elegância. Ainda relativamente pouco conhecida por aqui é a região da Bairrada, que fica entre as cidades  do Porto e Coimbra. No passado, ela foi cenário de batalhas entre cristãos e árabes. Hoje, é território onde se faz vinhos extremamente gastronômicos e com potencial de guarda de décadas.

Apesar de ser uma região bastante apegada à sua história e às suas tradições, é de lá que Casimiro Gomes, um dos mais inovadores enólogos do país, defensor dos vinhos DOC (Denominação de Origem Controlada) pela qualidade e identidade de terroir, natural de uma família de viticultores que produzem há 350 anos na região, traz uma novidade revolucionária, aos olhos dos ainda conservadores produtores daquela região: vinhos jovens, com pouca ou nenhuma madeira e bom custo-benefício (podem ser encontrados no Brasil por pouco mais de 100 reais). “Meu filho Francisco, que está comigo no projeto, disse que os jovens não desenvolviam o gosto pela música pela clássica. Por isso, a entrada para esse universo tinha que ser com algo de qualidade, mas com menos complexidade”, contou Casimiro à coluna AL VINO. Ele entendeu a mensagem e, assim, transplantada a mesma lógica para o mundo dos vinhos, nasceu o projeto Regateiro, uma homenagem a seu avô, Manuel Regateiro, que produzia a própria bebida e ensinou o neto a apreciar um bom vinho.

vinho
Casimiro e Francisco: vinhos com pouca ou nenhuma madeira (Divulgação/VEJA)

Os rótulos nascidos dentro do projeto refletem o terroir da Bairrada. São frescos, porque as vinhas recebem influência do Atlântico, que está há cerca de 30 quilômetros dali — e têm equilíbrio característico entre acidez, frescor e açúcar. Assim, são perfeitos para acompanhar o leitão ou o bacalhau à lagareira, que na época da juventude de Casimiro era assado nas brasas do lagar, onde se produzia o azeite da família.

A uva autóctone da região é a Baga, presente em todos os tintos. Casimiro desenvolveu uma técnica especial para lidar com ela, que é difícil de manejar. Ele não arranca suas folhas para que seus cachos maturem à sombra e os pequenos bagos que não cabem no cacho, amadureçam ao sol, sofrendo uma leve passificação (ficam como uvas passas). O resultado na hora da vinificação é surpreendente, com o vinho ganhando em complexidade.

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Entre a família Regateiro há um vinho em homenagem à mãe de Casimiro, Anita, que reclamou ao filho que os vinhos atuais eram muito alcoólicos. Então, em homenagem a ela, ele criou o Regateiro Vinha d’Anita, fruto de vinhas de cerca de 40 anos, 100% Baga, com 8 meses de barricas de carvalho francês e 12,5% de gradação alcoólica. Um esplendor com potencial de guarda de 10 anos. Esse é o único exemplar da família de vinhos que leva leveduras indígenas, porque o vinicultor quis reproduzir aqueles produzidos por seus ancestrais.

Sobre a boa fase dos vinhos portugueses,  Casimiro conta que isso é reflexo de um novo movimento. “Atualmente, os viticultores e enólogos trocam mais, estamos compartilhando informação. Há também entrada de muitas mulheres no setor o que trouxe mais complexidade para nós”, diz. Ele mesmo foi um dos incentivadores de uma maior flexibilização do DOC Bairrada, “era isso ou morreríamos”.

Considerando-se os 26 milhões de litros de vinhos portugueses consumidos no Brasil em 2023, certamente as novas invenções da família terão vida longa por aqui!

Abaixo, os vinhos da família Regateiro que podem ser encontrados por aqui:

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– Regateiro Jr Bairrada DOC R$ 134 branco, das uvas Arinto, Bical e Maria Gomes (Fernão Pires) 5 anos de guarda

– Regateiro Jr Bairrada DOC R$ 134 tinto, das uvas Pinheira, Tinta Amarela, Touriga Nacional, Baga e Tinta Roriz. 6 anos de guarda

– Regateiro Reserva R$ 236 tinto, uvas Baga e Touriga Nacional – 8 meses de carvalho francês

– Regateiro Vinha d’Anita R$ 556 tinto, 100% Baga, fermentação com maceração prolongada, 8 meses de carvalho francês e 12,5% álcool

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