Fragmentação de florestas é pior para espécies que vivem nos trópicos
Pesquisadores compararam a adaptação de animais a impactos causados pelo homem, em diferentes regiões
Pesquisadores da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, conduziram um estudo internacional sobre o impacto da fragmentação de florestas na vida selvagem. De acordo com a pesquisa, publicada hoje (5), animais que evoluíram em ambientes sujeitos a alterações em larga escala do habitat natural, como incêndios e tempestades, estão melhor preparados para lidar com a fragmentação das florestas causada pelas ações humanas. Os resultados foram divulgados por meio da revista científica Science.
Segundo o coautor do estudo e diretor da Rede de Pesquisa de Biodiversidade da Floresta, Matt Betts, “todos sabem que a perda de habitat é ruim para os animais, mas o debate sobre fragmentação tem acontecido há bastante tempo”. Para ele, há dúvidas práticas sobre a questão: “Como devemos desenhar novas reservas ambientais? Será melhor investir em várias pequenas, em poucas maiores ou fazemos corredores?”.
Um dos resultados da pesquisa mostrou que quanto mais próximo da linha do equador, mais sensíveis são as espécies de vida selvagem. As espécies tropicais, historicamente, encontraram menos desafios de adaptação do que as de zonas temperadas. De acordo com o estudo, a sensibilidade aumentou seis vezes em altitudes mais baixas.
Atualmente, 70% das florestas remanescentes no planeta estão a 1 quilômetro de uma borda de floresta. A fragmentação das florestas mais intactas, aquelas que estão nos trópicos, deve se acelerar nos próximos 50 anos. Os pesquisadores descobriram que em áreas que sofreram pouco impacto de ações causadas pelo homem, 51.3% das espécies tendem a evitar as bordas, enquanto as áreas que já foram bastante afetadas têm um índice de 18.1%.