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Vítimas do pastor Marcos Pereira afirmam que estupros eram parte da salvação

Mulheres contaram à polícia que pastor comandava orgias, mantinha médico particular para realizar abortos e, ao fim dos abusos, ordenava que os participantes pedissem perdão uns aos outros

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Atualizado em 10 dez 2018, 10h02 - Publicado em 8 Maio 2013, 19h59
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  • Marcos Pereira acreditava na impunidade e beneficiava-se do mesmo mecanismo que permite a estupradores contumazes manter a rotina de abuso contra suas vítimas: o medo. A jovem conta em seu depimento que resolveu denunciar o pastor depois que se casou. Ao saber do relacionamento da jovem com um rapaz, Marcos Pereira tentou separar o casal e chegou a afirmar que os filhos dos dois “nasceriam defeituosos”

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    Os depoimentos das vítimas que acusam o pastor Marcos Pereira de estupro indicam que o líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) promovia orgias e abusos sexuais como se estivesse salvando as pessoas de espíritos do mal. As violações aconteciam na sede da igreja, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e em uma residência da ADUD, onde moravam cerca de 30 seguidoras da seita. Uma das vítimas, que contou ter sido violentada pelo pastor dos 14 aos 22 anos de idade, disse que ao se tornar seguidora do pastor Marcos Pereira e começar a usar o “roupão” típico dos fiéis foi muito criticada pela família. Ao ouvir o pastor afirmar que as críticas “eram influência do diabo”, a jovem deixou a casa dos pais e se mudou para a residência da assembleia.

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    De acordo com o depoimento, prestado no dia 15 de abril de 2013, antes dos estupros o pastor afirmou que estava “vendo um espírito lésbico” na jovem. Depois de algumas conversas, começaram os abusos. Segundo a vítima, Marcos passou “a trazer outros membros da ADUD para participar dos atos sexuais”. Em uma das vezes, um “garoto de programa” participou da orgia, contou ela. Segundo a vítima, o líder da Assembleia de Deus dos últimos Dias “tinha sempre predileção por sexo anal”.

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    Medo – Marcos Pereira acreditava na impunidade e beneficiava-se do mesmo mecanismo que permite a estupradores contumazes manter a rotina de abuso contra suas vítimas: o medo. A jovem conta em seu depoimento que resolveu denunciar o pastor depois que se casou. Ao saber do relacionamento da jovem com um rapaz, Marcos Pereira tentou separar o casal e chegou a afirmar que os filhos dos dois “nasceriam defeituosos”.

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    Outra vítima relatou sequência de abusos cometidos pelo pastor entre 2009 e 2010. Em depoimento prestado no dia 17 de abril de 2013, ela diz que “era forçada a praticar sexo oral e tocar nas partes íntimas” do pastor. Em uma das vezes, conta ela, o líder da ADUD tentou fazer sexo anal, mas não conseguiu. Depois disso, “exigiu que fosse feito sexo oral. Não consegui reagir. Estava aterrorizada”, disse.

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    Marcos Pereira era figura conhecida no Rio por “salvar” pessoas condenadas pelo tribunal do tráfico e por regenerar criminosos. O medo que as vítimas tinham do pastor, segundo o delegado Márcio Mendonça, evitava que elas o denunciassem. Durante o depoimento, a jovem que foi violentada por oito anos disse que precisou de “muito tempo para ter coragem de denunciar o pastor”. “Temia que acontecesse algo ruim com a minha família. Todos os membros da Igreja têm pelo pastor Marcos um temor reverencial por ele ser o líder espiritual de todos”, afirmou.

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    Salvação – Outra mulher que denunciou o pastor em março de 2012 disse que Marcos Pereira afirmou que ela precisava de um “conserto espiritual”. No depoimento prestado à polícia, ela conta que o pastor a “encurralava, pegava sua mão e a passava no seu pênis”. Ela contou ainda que viu Marcos Pereira fazendo sexo com outras internas. Com o tempo, ela passou a permitir os abusos porque “entendeu” que tinha de deixar o pastor abusar dele para que “não pecasse com mulheres do mundo exterior”.

    A mesma mulher conta que se casou com um fiel e que o líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias “mandou que o marido dela fosse evangelizar as pessoas” em favelas enquanto a assediava. Em 2006, o pastor mandou seu marido para uma favela, à noite. Logo depois, duas seguidoras de Marcos Pereira bateram em sua porta e a convenceram a ir ao encontro do pastor na sede da igreja. Lá, ela foi mais uma vez violentada pelo pastor.

    Abortos – As vítimas afirmam que o pastor Marcos Pereira não usava preservativos. Uma delas contou à polícia que o religioso mantinha um médico particular para realizar abortos nas fiéis que engravidavam. Ex-mulher do pastor, Ana Madureira da Silva, também acusa Marcos Pereira de estupro. Em depoimento prestado em março de 2012, ela afirma que “apesar de Marcos nunca ter estudado profundamente a Bíblia, acabou tornando-se pastor”. E que Marcos baseava-se “em visões”.

    Ao fim das orgias, o pastor exigia que os participantes pedissem desculpas uns aos outros e confessassem os pecados.

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