Cartas e indicação ‘hermana’: como foi marcado encontro de Lula com o papa
Lula conseguiu adiar depoimento na operação Zelotes e viaja ao Vaticano para agradecer carta que recebeu do pontífice enquanto estava preso

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um encontro marcado com o papa Francisco na residência Santa Marta, no Vaticano, na próxima quinta-feira, dia 13, às 16 horas. A informação foi divulgada com estardalhaço pela cúpula petista nesta semana.
Desde que saiu da prisão em novembro de 2019, o ex-presidente tem manifestado a conhecidos o interesse de visitar o pontífice da Igreja Católica. Em março daquele ano, enquanto cumpria pena pela primeira condenação na Operação Lava Jato, o ex-presidente escreveu uma carta ao papa argentino, que foi respondida dois meses depois.
“Lula quer agradecê-lo pela carta que ele enviou de maneira muito carinhosa”, explicou a VEJA o ex-ministro Gilberto Carvalho, amigo de Lula e hoje o maior interlocutor do PT com as lideranças religiosas . Segundo ele, o tema da conversa será a questão ambiental, a fome e a desigualdade social no mundo.
Assuntos genéricos à parte, o grande articulador do encontro foi o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que esteve com o papa no dia 31 de janeiro. Ao saber disso, o ex-chanceler Celso Amorim correu para telefonar a Fernández, a quem pediu a intermediação por Lula.
Em meio aos apelos para conseguir o apoio do religioso na renegociação da dívida com o FMI, o presidente argentino se lembrou do petista. “O Lula me pediu para ver o papa. E eu pedi se ele podia receber o Lula. E ele me disse que ‘claro’ e que lhe escrevesse porque ele, com todo prazer, o receberá”, explicou à rádio francesa RFI.
Em julho do ano passado, enquanto pipocavam as notícias sobre os vazamentos de mensagens de procuradores da Lava Jato, o papa publicou um vídeo no Twitter endereçado aos servidores do judiciário: “Sua independência deve ajudá-los a serem isentos do favoritismo e de pressão que possa contaminar suas decisões”. Muitos petistas viram no post uma mensagem indireta ao ministro da Justiça, Sergio Moro, o que nunca foi confirmado, mas que contribuiu para pintar a imagem de um papa de esquerda.
O possível encontro deve afastar ainda mais o presidente Jair Bolsonaro, que é católico, do pontífice. Em entrevista à imprensa argentina, no ano passado, Bolsonaro disse ter respeito e admiração pelo papa, apesar de não compartilhar da visão que ele tem sobre o Lula, “que causou um grande mal ao Brasil”. A animosidade, no entanto, não impediu a sua esposa, Michelle Bolsonaro, e a ministra Damares Alves, que são evangélicas, a participarem de uma evento com o papa em dezembro do ano passado, junto com outras primeiras-damas de países latino-americanos.
Condenado em dois processos da Lava Jato, mas beneficiado pelo novo entendimento do STF de que a prisão só pode ocorrer após o trânsito em julgado, Lula ainda precisou se livrar de um outro percalço jurídico para fazer a viagem. Por meio de sua defesa, ele conseguiu adiar um depoimento marcado para terça-feira, dia 11, no âmbito da Operação Zelotes, que investiga a venda de medida privisórias para favorecer o setor automobilístico.
Os advogados alegaram que ele ficaria fora do Brasil do dia 12 a 15 de fevereiro. A Justiça Federal do Distrito Federal acatou o pedido e remarcou a audiência para o dia 19. “O adiamento do interrogatório não tumultuará o andamento do feito, pois é possível atender ao pedido realizado sem alterar a programação inicial”, escreveu o juiz Ricardo Leite.
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