2018, o replay de 2017: 10 assuntos que se repetirão no novo ano
Reforma da Previdência, conflito entre os presidentes de EUA e Coreia do Norte, assédio sexual: o noticiário esperado para 2018 repete o ano que passou
Ano novo, vida nova. Certo? Ao que tudo indica, não. O movimentado ano de 2017 no noticiário político, econômico e social deixou como legado uma série de assuntos que darão, no Brasil e no Mundo, uma legítima sensação de déjà vu. Assim como no ano passado, em 2018 a Reforma da Previdência seguirá como a pauta única do governo de Michel Temer (PMDB), o destino do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuará sendo decidido pelos tribunais e o Rio de Janeiro vai passar mais uma temporada em crise financeira, política e social.
Pelo mundo, os conflitos entre o presidente americano Donald Trump e o ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un devem continuar. Fora da política, o noticiário continuará marcado por assuntos que ganharam destaque em 2017: as denúncias contra os casos de assédio sexual devem continuar, assim como os debates sobre transexualidade e questão de gênero. Abaixo, VEJA apresenta dez temas que prometem fazer de 2018 uma boa reprise do último ano. A expectativa, agora, é pelos desfechos desses imbróglios, prometidos para os próximos meses. A aguardar.
1) Reforma da Previdência
Convertida em pauta única do governo Temer, a Reforma da Previdência não saiu em 2017, travada pela dificuldade em convencer o alto número de deputados necessários – 308 – para aprová-la na Câmara. Também atrapalharam os tormentos de uma administração impactada por denúncias criminais e baixa popularidade.
Evitando que a proposta fosse derrotada, e dando tempo ao governo para convencer parlamentares, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adiou a votação para o dia 19 de fevereiro, só que o imbróglio pode não se resolver tão logo. Isso porque, em pauta, tudo depende das estratégias (republicanas ou não) para conquistar votos e das oscilações de um mercado ansioso pela aprovação da mudança nas aposentadorias.
2) Prisão de Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu seus problemas com a Justiça se agravarem em 2017, quando foi condenado pelo juiz Sergio Moro no processo do tríplex em Guarujá (SP) a nove anos e seis meses de prisão. Agora, o petista convive com a possibilidade de não poder se candidatar e ter que cumprir a pena atrás das grades.
Líder isolado das pesquisas para a Presidência da República em 2018, Lula aguarda a análise de seu recurso. O julgamento já tem data marcada, 24 de janeiro, na segunda instância da Justiça Federal, em Porto Alegre. Caso a condenação do petista seja confirmada, uma sequência de recursos para mantê-lo livre e vivo disputa eleitoral deve seguir por tempo indefinido.
3) Futuro de Doria
Desde que o tucano João Doria assumiu a prefeitura de São Paulo, em janeiro de 2017, podem ser contados os dias em que seu nome foi vinculado apenas ao trabalho na cidade. Com o crescimento meteórico de sua popularidade nas redes sociais no início do mandato, o prefeito viajou o país com a possibilidade de ser um candidato viável para a Presidência da República.
Com restrições dentro de seus próprio partido, as chances de Doria diminuíram junto com sua aprovação entre a população paulistana. O tucano diz estar feliz com o cargo atual, no qual tem mandato até o fim de 2020. Mas tanto ele quanto aliados vacilam quando o assunto é uma possível candidatura ao governo de São Paulo, que entrou na mira do alcaide como plano B
4) Crise no Rio
Enquanto o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) coleciona mais de 87 anos de prisão em condenações criminais, outros agentes públicos do Executivo e do Legislativo vão sendo envolvidos em suspeitas de corrupção investigadas pela Lava Jato — o todo-poderoso presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), também caiu. Paralelo a isso, ex-governador Anthony Garotinho (PR) tornou-se hóspede do contumaz do sistema prisional fluminense por problemas com a Justiça Eleitoral.
Até agora incólumes, os nomes do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e seu potencial sucessor, o ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB), também são mencionados em delações. Em meio a toda essa confusão, o Rio de Janeiro, que fez um acordo com o governo federal para postergar o pagamento das suas dívidas, continua atrasando salários e tentando ajustar as suas complicadas contas públicas. Nas ruas, a violência e o tráfico seguem assustando os moradores do estado.
5) Fake news
A divulgação de notícias falsas nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens passou a preocupar as autoridades no último ano, na esteira de especulações sobre sua influência na eleição de Donald Trump nos EUA. Por aqui, o fenômeno preocupa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Exército e a Polícia Federal, que já discutem meios de combatê-lo no pleito de 2018.
Na França, o presidente Emmanuel Macron começou o novo ano defendendo um projeto de lei que puna essa atividade. No Brasil, uma proposta legislativa com objetivos semelhantes passou a tramitar na Câmara dos Deputados. A correção e o esclarecimento de fake news são tema do blog Me Engana Que Eu Posto, publicado em VEJA.
6) Kim x Trump
Além das investigações sobre a possível influência da Rússia nas eleições do país, o primeiro ano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi marcado pela crescente tensão com a Coreia do Norte e seu exótico ditador, Kim Jong-un. No novo ano, a troca mútua de ameaças e declarações ácidas deve persistir, criando a possibilidade real de um conflito nuclear que a humanidade espera que não ocorra.
Medir a real dimensão do arsenal norte-coreano e o potencial impacto que um ataque a solo norte-americano poderia produzir continua sendo um desafio. A disputa entre os dois líderes deve permanecer em pauta, com alterações de humor e tom vinculadas ao avanço nas relações ensaiado no final de 2017 entre o regime de Kim e a Coreia do Sul, bem como a situação política de Trump na esfera doméstica.
7) Bitcoin
Em 2017, as moedas virtuais, sendo o bitcoin uma das mais conhecidas, ganharam destaque e desafiaram o sistema financeiro tradicional com a falta de regulamentação oficial. Entre elogios à modernidade e especulações sobre seu real valor, as criptomoedas foram a grande novidade do noticiário econômico.
Para o novo ano, a expectativa é saber como as autoridades financeiras lidarão com as moedas virtuais. Em dezembro, o Bitcoin experimentou forte valorização seguida de rápida queda. A preocupação mais latente é se tudo não passa de uma bolha capaz de detonar outra crise econômica.
8) Messi ou CR7
Há dez anos, o prêmio de melhor jogador de futebol do mundo é vencido por só dois atletas: o argentino Lionel Messi (Barcelona) e o português Cristiano Ronaldo (Real Madrid), cada um com cinco troféus. O interminável debate sobre qual dos dois é melhor vai ganhar novo fôlego com a Copa do Mundo em junho, quando ambos devem brilhar como estrelas solitárias em suas seleções.
Além do Mundial na Rússia, a Liga dos Campeões continua como palco para os craques. E é aí que entra a possível surpresa: o brasileiro Neymar, que abandonou a sombra de Messi no Barcelona para ser estrela do Paris Saint-Germain e disputa vaga com o Real Madrid nas oitavas do torneio. Neymar ainda será o líder da seleção rumo ao hexa – o que pode valer ao brasileiro a Bola de Ouro.
9) Assédio sexual
Em 2017, tomou corpo um movimento que vinha ganhando destaque nos últimos anos: o fim do silêncio das vítimas de assédio sexual nos mais diversos ambientes, do mundo corporativo à indústria do entretenimento. Carreiras, como a do ator Kevin Spacey e a do produtor Harvey Weinstein, na foto, foram destruídas por denúncias, algumas do passado, outras do presente.
Neste ano, o movimento deve se intensificar. Já para o próximo domingo, dia 7, está programado um protesto em Hollywood: atrizes indicadas ao Globo de Ouro, como Meryl Streep e Emma Stone, integram campanha para vestir preto na premiação, em reprovação aos casos registrados.
10) Transsexualidade
Identidade de gênero e transição foram alguns dos termos que entraram para o vocabulário do brasileiro em 2017 e não devem sair tão cedo. Na novela A Força do Querer, a personagem Ivana, de Carol Duarte, dividiu o público durante a sua transformação em Ivan, emocionando brasileiros na medida em que cresciam as reações conservadoras.
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deve mudar a classificação da transexualidade e deixar de considerá-la uma doença mental, assim como fez com a homossexualidade em 1990. Pessoas trans devem passar a ser diagnosticadas como tendo uma “incongruência” com seu gênero de nascimento.