Em seis dias, governo emitiu só uma nota sobre a saúde de Bolsonaro
Único comunicado oficial sobre o tratamento do presidente contra a Covid-19 foi divulgado na quinta-feira 9, dois dias após a infecção ter sido confirmada
O estado de saúde do maior dirigente do país sempre é um assunto de interesse da população, tanto que é praxe a emissão de boletins atualizados com informações sobre a evolução clínica do chefe de governo quando ele enfrenta algum problema nesse sentido.
Foi assim, por exemplo, com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que foi infectado pela Covid-19 em março e passou três dias internado em uma UTI com falta de ar. Todos os dias, o governo enviava aos veículos de imprensa ao menos um relatório detalhando como o premiê se sentia e quais tinham sido as evoluções em seu quadro geral.
Não é, no entanto, o que tem acontecido no Brasil. Desde que o presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com a Covid-19 na semana passada, o governo emitiu apenas um comunicado para informar a população sobre como tem sido a reação do chefe do Executivo à doença.
A única nota oficial foi divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) na quinta-feira, 9 de julho. “O presidente Jair Bolsonaro, diagnosticado com Covid-19 no último dia 7, evolui bem, sem intercorrência. Ele apresenta boas condições de saúde e continua sendo acompanhado, conforme rotina, pela equipe médica da Presidência da República”.
O presidente também tratou do tema em posts no Twitter no dia 8 de julho — entre outras coisas, afirmou que estava “muito bem” e que viveria “ainda por muito tempo” — e no dia seguinte, na tradicional live que faz às quintas-feiras nas redes sociais – disse que não teria convidados naquela e nesta semana porque ainda estaria se recuperando da Covid-19 e e exibiu uma caixa de hidroxicloroquina, medicamento com o qual vem se tratando apesar da falta de comprovação científica de sua eficácia contra a doença.
Além da ausência de boletins e notas oficiais, o governo também não tem um porta-voz da Presidência da República desde que o general Otávio Rêgo Barros foi afastado de suas funções após se desentender com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho Zero Dois do presidente. No início do governo, ele era sabatinado diariamente pela imprensa sobre os assuntos da administração federal.
Bolsonaro tem sido atendido pelo médico Ricardo Peixoto Camarinha, um cardiologista respeitado e que já atendeu Fernando Henrique Cardoso durante o período em que o tucano era presidente. Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro faz dois eletrocardiogramas por dia para monitorar a frequência do coração, a fim de flagrar qualquer alteração provocada pela hidroxicloroquina. O cuidado com o presidente excede até as recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que sugere os exames apenas no primeiro, terceiro e quinto dias do tratamento com o remédio.