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Por José Benedito da Silva
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Médico de Bolsonaro atendia FHC e foi barrado em jantar no fórum de Davos

O cardiologista Ricardo Camarinha é o responsável por monitorar o estado de saúde do presidente, que foi diagnosticado nesta semana com Covid-19

Por Redação
Atualizado em 29 jul 2020, 15h42 - Publicado em 8 jul 2020, 18h30

O acompanhamento do quadro clínico do presidente Jair Bolsonaro durante o tratamento contra a Covid-19 é feito pelo médico oficial da Presidência, o cardiologista Ricardo Peixoto Camarinha. Escudeiro de Bolsonaro em viagens nacionais e internacionais, Camarinha foi o médico de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) durante os anos em que o tucano chefiou o Palácio do Planalto e é muito próximo ao cirurgião Antonio Luiz Macedo, que esteve à frente da equipe do Hospital Albert Einstein que salvou a vida do presidente após o atentado a faca sofrido em 2018.

Camarinha ingressou no serviço público em 1983. Ele cursou medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), serviu à Aeronáutica e se especializou em cardiologia na Universidade de Brasília (UnB), onde também concluiu um mestrado. Reservado, ele não concede entrevistas e nem revela em quais circunstâncias conheceu Bolsonaro.

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Sua relação com o alto poder ficou mais estreita na década de 1990, quando prestou serviços para FHC. Reportagens da época em que o tucano era presidente mostram que ele precisou recorrer com frequência a Camarinha. Em dezembro de 1997, o então presidente foi atendido pelo médico em Londres após ter desmaiado em função do calor durante uma cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa na London School of Economics. Em janeiro de 1999, FHC teve uma crise de estresse e precisaria repousar por seis dias, segundo a prescrição de Camarinha, mas acabou atropelado pela crise do real e furou o compromisso com o médico. Já em 2002, último ano do mandato, o tucano sofreu uma intoxicação alimentar após um intenso itinerário de viagens internacionais e, com quadro febril, teve de ficar o final de semana em repouso sob os cuidados do doutor.

Durante os governos do PT, o encarregado de atender os presidentes mudou. Roberto Kalil, do Hospital Sírio-Libanês, foi o responsável por tratar Lula e Dilma e também cuidou da saúde de Michel Temer (MDB) no período em que ele foi presidente. Fato é que a familiaridade de Kalil com rivais políticos de Bolsonaro foi determinante para que o então candidato fosse transferido para o Albert Einstein, em São Paulo, após ser esfaqueado num ato de campanha em Juiz de Fora, em 2018. O veto ao Sírio-Libanês é atribuído a Frederick Wassef, que deixou de advogar para Bolsonaro e para seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), após o ex-assessor Fabricio Queiroz ser preso em uma de suas propriedades. Wassef temia que o Bolsonaro não fosse bem atendido num hospital que julgava ser identificado com petistas.

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As delicadas cirurgias pelas quais Bolsonaro passou foram lideradas por Antonio Macedo, com quem Camarinha mantém contato direto. Em função do histórico clínico, os médicos trocam informações diante de qualquer problema de saúde apresentado pelo presidente. Só no mandato atual, Bolsonaro teve de fazer cirurgias para retirar a bolsa de colostomia que usou após a facada e para reparar uma hérnia. Também bateu a cabeça no chão ao escorregar no banheiro em dezembro de 2019. Agora, o presidente contraiu a Covid-19 e disse estar tomando o remédio cloroquina para se tratar, embora não haja comprovação científica sobre sua eficácia.

Ricardo Camarinha, com o general Augusto Heleno, ao receber a Ordem do Rio Branco (Instagram/Reprodução)

As preocupações de Bolsonaro com a saúde fizeram Camarinha ganhar um passaporte diplomático logo no início do mandato, em janeiro de 2019. O Portal da Transparência aponta que o médico, cujo salário líquido é de pouco mais de 14.600 mil reais, acompanhou o presidente em 31 viagens pelo território brasileiro até março deste ano. Em seu perfil no Instagram, Camarinha publicou diversas fotografias dos compromissos no exterior em que esteve junto de Bolsonaro. Ele já foi para Suíça, Estados Unidos, Israel, Japão, China, Catar, Emirados Árabes e Índia. A última viagem internacional foi com destino a Miami, quando mais de 20 pessoas da comitiva presidencial retornaram ao Brasil infectadas com Covid-19.

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Ricardo Camarinha, com o ministro Paulo Guedes (Economia), em Dallas, no Texas (Instagram/Reprodução)

Camarinha goza de tanto prestígio junto a Bolsonaro que assistiu à final da Copa América, vencida pelo Brasil no Maracanã, em julho de 2019, ao lado de autoridades do governo. No Fórum de Davos do ano passado, o primeiro compromisso de Bolsonaro no exterior como presidente, Camarinha se encaminhava para um jantar com a presença de chefes de estado como se pertencesse ao alto escalão do governo. Segundo o livro Tormenta, escrito pela jornalista Thais Oyama, ele e outros membros da delegação – incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro – foram barrados na porta do restaurante porque não estavam na lista de convidados. Camarinha tentou furar o bloqueio gritando “I’m the doctor” com o dedo em riste, mas não obteve sucesso.

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