Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Letra de Médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil
Continua após publicidade

Medicina não autônoma: médicos e pacientes devem trabalhar em conjunto

O médico deve sempre orientar o paciente. Já o paciente deve respeitar os limites colocados pelo médico

Por Marcelo Bendhack
2 out 2019, 12h18

Recentemente, o presidente de uma montadora de automóveis alemã disse que “luxo é ser sustentável”, em referência à nossa relação com os carros. Luxo mesmo foi quando andei em um carro autônomo, em uma Autobahn (Estradas de Alta Velocidade), na Alemanha.

 Uma estrada de alta velocidade não significa sem regras. E, vale lembrar, que na Alemanha estão as rodovias mais seguras do mundo. A velocidade sugerida é de 130 km/h, mas também indica que a mínima é de 60 km/h – e é proibido dirigir abaixo dessa velocidade. E, sim, em alguns trechos existem radares e em outros trechos permitem que a velocidade seja ilimitada.

Ter essa “liberdade” para dirigir em alta velocidade e conduzir carros autônomos, parece algo futurista. De certa forma é. Porém, como disse, para tudo há regras.

Se transferirmos isso para a medicina, vamos observar que também é possível ter liberdade com o que fazemos com o nosso corpo. No entanto, sempre haverá limites.

Quanto mais autônomos podemos ser, também estaremos mais expostos a riscos. E esse tem sido a tônica que muitos médicos já descobriram no dia a dia com seus pacientes. Alguns indivíduos respeitam seus próprios limites, outros não.

Continua após a publicidade

Hoje, o médico pode ser um bom orientador para seus pacientes, mas não um condutor, e muito menos “autônomo”. Para fazer análises prévias de doenças, sobre o diagnóstico, o tipo de tratamento e procedimentos é preciso mais orientação do que condução do paciente. Até porque, quando paciente e médico conversam sobre os cuidados com a saúde, os resultados sempre são melhores, ganham em eficiência.

 Fazendo uma analogia, se você tiver prudência (paciente/motorista) e souber respeitar os limites do corpo (médico/leis), a saúde pode “andar” a 130 km/h ou a 60 km/h.

A partir de certa idade é preciso colocar o pé no freio 

Observando a estrada da ciência, da medicina e dos programas de saúde, fica evidente que precisamos colocar o pé no freio. É claro que até um determinado momento da vida nós aceleramos muito, cometemos imprudências, dirigimos sem freio e sem limites, sobretudo com o nosso corpo. Mas, a partir de uma certa idade, por volta dos 40 anos, começar a reduzir a marcha, respeitar mais os sinais e as leis da física do corpo.

Continua após a publicidade

E foi justamente com essa observação que me deparei com alguns números que precisam ser alertados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma plataforma que apresenta estatísticas globais do câncer – para todos os tipos de cânceres. O Global Cancer Observatory (GCO) tem realizado um trabalho fantástico e que nos permite enxergar milhas e milhas à frente.  

 A ferramenta do Global Cancer Observatory traz indicativos do número de casos de câncer em todo mundo, com dados sobre incidência futura de câncer e a carga de mortalidade, a partir das estimativas atuais de 2018 até 2040.

 18,1 milhões de casos de câncer em 2018

Em todo mundo, a incidência total de câncer em 2018 foi de 18,1 milhões de casos. Para 2040, este número sobre para 28,5 milhões. No meu caso, olhei para o velocímetro que marca os cânceres de próstata. O órgão da OMS aponta que a incidência estimada de casos de câncer de próstata para todas as idades, em 2040, é de 2.293.818. Para a faixa acima dos 70 anos, de 1.330.420. Até 2040, a mortalidade será de mais de 625.000 entre indivíduos acima dos 70 anos.

Continua após a publicidade

 Os números não são muito melhores especificamente no Brasil. Em 2018, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram diagnosticados no país mais de 68.000 casos de câncer de próstata, 31,7% a mais em relação às demais neoplasias, e 15.391 mortes (com dados de 2017).

 Por isso, as campanhas de prevenção são extremamente importantes. A campanha Setembro Amarelo, com o alerta para o suicídio, mostrou mais uma vez, conforme dados do DataSUS, que o número de suicídios vem aumentando no Brasil nos últimos anos. Na sequência, temos o Outubro Rosa, um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama. E, logo mais, o Novembro Azul, mês mundial de combate ao câncer de próstata, que causa a morte de um homem a cada 38 minutos.

 Com os dados que temos hoje e com as campanhas de alerta para diversas doenças e síndromes, não podemos deixar que a medicina seja autônoma, no sentido de deixar correr sozinhos nossos pacientes, sem alertas, sem freios, sem limites. Se é luxo ser sustentável, muito mais luxo é viver com qualidade.

Continua após a publicidade

E observar que a liberdade com a nossa saúde depende de regras, que podem ser estabelecidas entre médicos e pacientes, mas com a certeza de que existem radares por aí, como freios que nos fazem lembrar a todo instante as campanhas de conscientização em prol da população.

 

Letra de Médico - Marcelo Bendhack

 

Quem faz Letra de Médico

Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida

Eduardo Rauen, nutrólogo
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista

Marcelo Bendhack, urologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.