Carros que se dirigem ainda causam medo em alguns. Afinal, a tecnologia ainda está na infância e uma série de falhas precisam ser corrigidas. Em 18 de março, um Volvo autônomo da Uber atropelou e matou a ciclista Elaine Herzberg em Tempe, no estado americano do Arizona. No dia 30 do mesmo mês ocorreu outro acidente. Um Tesla Model X colidiu na Califórnia com um muro, matando o motorista. Nesse caso, porém (assim como em dois acidentes fatais anteriores, em 2016), a falha não foi 100% tecnológica. O Tesla não era completamente automatizado. Mas em todos os casos era esperado que um humano, infelizmente distraído, assumisse o volante e controlasse a situação. Por isso que a startup Phantom Auto, do Vale do Silício, acredita que pode acelerar o lançamento dos autônomos criando “pilotos de emergência”, que dirigem à distância. Para o usuário não mudaria nada, ele nem mesmo perceberia quando é o computador ou quando é um humano no volante.
No caso, a teleoperação da Phantom Auto é um sistema de segurança para veículos autônomos de nível 4, a categoria que é testada hoje pelas empresas de inteligência artificial (IA), quando o carro consegue dirigir sem controle humano sob circunstâncias específicas e experimentadas previamente em simulações. Quando um fator surpresa é reportado pelo robô, um técnico sentado em um console, com pedais, volante, freio e acelerador avalia a situação por meio das câmeras do carro e pilota por alguns segundos até o veículo estar apto novamente. Os primeiros testes começaram em janeiro, com um sedan Lincoln MKZ autônomo, rodando em Las Vegas, com comandos vindos de 800 quilômetros de distância, em Mountain View, na Califórnia.
Contudo, um fator contra essa tecnologia é a velocidade de internet móvel. Uber, Waymo e outras ainda não podem confiar em pilotagem à distância devido à precariedade de redes móveis atuais e à latência no envio e recebimento de dados. O 5G de próxima geração pode mudar isso, mas a espera congelaria o recurso para perto do desenvolvimento do nível 5, quando os carros estariam melhores que os humanos em todas as situações, estipulado para 2025. Ou seja, aí não adiantaria mais muita coisa.
De qualquer forma, a Phantom acredita que um motorista reserva será necessário para a tecnologia autônoma por muito mais anos, ou até mesmo para sempre, considerando que o momento de falha pode custar uma ou mais vidas. Assim, em um futuro onde os robôs levarão boa parte dos empregos, ficar de olho neles, vigiando-os, também pode ser uma maneira de amenizar os impactos da falta de trabalhos. Até lá, para os humanos resta pilotar os próprios carros e manter os olhos na estrada.