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3 a cada 10 vítimas da violência no Brasil são jovens; a maioria é mulher

Dossiê elaborado pela Fiocruz aponta os principais fatores de adoecimento e morte de pessoas dessa faixa etária no país

Por Diego Alejandro
Atualizado em 13 dez 2023, 11h30 - Publicado em 13 dez 2023, 11h00

O novo relatório “Panorama da Situação de Saúde de Jovens Brasileiros de 2016 a 2022: Intersecções entre Juventude, Saúde e Trabalho”, elaborado pela Agenda Jovem Fiocruz e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), revela um cenário alarmante: jovens brasileiros enfrentam significativos índices de violência, psicológica e sexual no país, sendo que mais de um quarto (27%) já foi vítima de algum tipo de agressão no intervalo de 12 meses que antecederam a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE) de 2019.

Publicado na segunda-feira, 11, o documento apresenta análises sobre o adoecimento e a mortalidade da população jovem no país, com base em dados obtidos por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus), da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (Pnad).

Violência generalizada

No período de 2016 a 2022, jovens de 15 a 29 anos foram os principais alvos de violência em todas as regiões do país, representando 30,15% das vítimas registradas no Brasil. Quanto mais jovem, porém, maior a incidência. Segundo o relátório, adolescentes de até 19 anos tendem a sofrer duas vezes mais violência do que os jovens de 20 a 29 anos, sendo 70% das vítimas mulheres e, entre elas, a maioria é negra.

Os dados de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) também revelam uma grande quantidade de procedimentos de esterilização entre as mulheres jovens. Essa foi a principal causa de internação hospitalar de mulheres com 25 a 29 anos, totalizando 152.637 entre 2016 e 2022.

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“O recorte feito neste dossiê mostra o potencial de uso dos sistemas de informação do SUS para trazer informações relevantes para os gestores, profissionais de saúde e, inclusive, grupos sociais organizados. Afinal, informação em saúde é um direito”, afirma a pesquisadora Bianca Borges, da Escola Politécnica e uma das organizadoras do dossiê.

Trabalho precário e acidentes

A inserção massiva dos jovens na força de trabalho, especialmente de maneira informal, destaca-se como um fator preocupante. Dados da PNAD Contínua indicam que 70,1% dos jovens entre 18 e 24 anos estão no mercado de trabalho, com quase metade (43,6%) em situação de informalidade

Este contexto propicia condições precárias, refletindo em um terço (33,03%) de todos os acidentes de trabalho notificados entre 2016 e 2022, totalizando 345,4 mil incidentes. Homens representam a maioria absoluta das vítimas, com 78% dos casos, três vezes mais ocorrências do que as mulheres acidentadas.

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Saúde Mental

Uma das consequências da brutalidade em tenra idade é o adoecimento mental. O relatório destaca que transtornos mentais são a principal causa de internação para homens de 15 a 29 anos. Nos anos estudados, as causas deste adoecimento foram esquizofrenia, psicose, uso de múltiplas drogas, álcool outras substâncias psicoativas. 

Mulheres jovens trabalhadoras lideram as notificações de transtornos mentais relacionados ao trabalho, representando 74% dos registros. Ansiedade (22%) e estresse (17%) são as principais queixas, resultando na incapacidade temporária em 51% dos casos.

A análise das condições enfrentadas pelos jovens brasileiros ressalta a urgência de ações efetivas. A Lei nº 12.852/13, conhecida como Estatuto da Juventude, que completou 10 anos em agosto, é ponderada pelo documento que estabelece princípios e diretrizes para políticas públicas voltadas aos jovens, visando a valorização da autonomia, promoção de vida segura, cultura da paz e não-discriminação. Mas, aos jovens de 15 a 18 anos, o Estatuto da Juventude só vale quanto não tem conflito com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 1990).

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