Um a cada cinco jovens brasileiros não estuda nem trabalha, diz IBGE
Dados divulgados nesta quarta, 6, mostram que dois terços dos 10,9 milhões dos 'nem-nem' são negros e 76% estão abaixo da linha da pobreza
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 6, apontam que 10,9 milhões de jovens brasileiros de 15 a 29 anos de idade não estavam trabalhando nem estudando até o final de 2022. Isso significa, proporcionalmente, que um a cada cinco jovens dessa faixa etária (exatos 22,3%) não está no mercado de trabalho e nem se dedicando aos estudos.
A maior fatia desse grupo é de pessoas negras. Dos 10,9 milhões, quase metade (43,3%) são mulheres pretas ou pardas. Em segundo lugar, estão os homens dentro desse mesmo recorte racial (24,3%). Depois deles, vêm os jovens brancos, faixa na qual a maioria dos “nem-nem” também são mulheres (20,1%). Os restantes (11,4%) são os homens brancos que não estudam nem trabalham.
A pesquisa do IBGE questiona os motivos de esses jovens estarem parados separando-os em dois grupos: os que querem procurar emprego e os que não querem. Nesses dois segmentos, há uma disparidade gritante entre homens e mulheres que afirmam estarem ocupados com tarefas domésticas e cuidados com parentes. No meio de quem não está em busca de um trabalho, há 2 milhões de mulheres para 80.000 homens cuidando da casa e da família. A diferença se abranda entre os que procuram emprego — caindo para pouco mais de meio milhão de mulheres para 17.000 homens.
Problemas de saúde, gravidez, estudar por conta própria e não encontrar trabalho são os principais motivos destacados pela pesquisa para explicar os motivos pelos quais esses 10,9 milhões de jovens não estão trabalhando ou estudando. Entre os homens, a principal causa que os coloca no grupo dos “nem-nem” são questões relacionadas à saúde, que atingem, de acordo com o IBGE, 420 mil brasileiros de até 29 anos.
Faixa de renda
A pesquisa divulgada nesta quarta também faz um “raio-x” da renda desses 10,9 milhões de jovens. A maioria massiva deles (76%) é considerada pobre ou extremamente pobre de acordo com a linha da pobreza do Banco Mundial. O critério dessas duas classificações é quanto essas pessoas têm de renda diária. Na cotação atual do dólar, são considerados pobres os que vivem com menos de 33 reais por dia e extremamente pobres os que vivem com menos de 10 reais. O salário mínimo brasileiro equivale a uma renda de 44 reais diários.
A renda dos jovens que não estudam nem trabalham é menor nos estados do Nordeste. De acordo com o IBGE, 98% dos “nem-nem” da região estão na abaixo das linhas da pobreza (75,5%) e da extrema pobreza (22,5%).