Recomendação de exercícios deve ser mais realista, dizem especialistas
Pesquisadores questionam sugestão de 150 minutos semanais de exercício: para eles, fazer um pouco de atividade física já é melhor que não fazer nada
As atuais diretrizes de saúde sugerem que adultos se exercitem por 150 minutos semanalmente. Essa medida ajudaria a prevenir doenças cardíacas, controlar o peso e evitar enfermidades como o câncer. Dois artigos publicados nesta quarta-feira no periódico BMJ questionam essa recomendação. Para os pesquisadores, pacientes, especialmente os idosos, deveriam ser encorajados a praticar atividades físicas leves, em qualquer quantidade.
“As políticas e ações para promover atividade física deveriam focar em indivíduos totalmente sedentários”, afirma o pesquisador brasileiro Philipe de Souto Barreto, do Hospital Universitário de Toulouse, na França. Mais do que incentivar as pessoas a se exercitarem por 150 minutos semanais, diz Barreto, as campanhas precisariam mostrar que mesmo pequenas doses de exercícios oferecem benefícios.
Mortalidade – Barreto cita uma pesquisa com mais de 250.000 americanos adultos de 50 a 71 anos, segundo a qual praticar menos de uma hora de atividade física moderada ou 20 minutos de exercícios vigoroso por semana reduz o risco de mortalidade por todas as causas em 15% e 23%, respectivamente.
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Em um segundo artigo, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, revelaram que idosos têm dificuldade para fazer exercícios em intensidade moderada e vigorosa. Por esse motivo, incentivar idosos a reduzir o tempo de sedentarismo e praticar atividades leves é uma maneira mais “realista de pavimentar um caminho à prática de exercício intenso”.
“Nós não estamos dizendo que o padrão de 150 minutos de exercícios semanais deva ser abandonado”, escreveram eles. “Em vez disso, nossa proposta é relembrar os médicos de que outras abordagens para idosos sedentários podem encorajá-los a se exercitarem.”
Fontes: Renato Dutra, educador físico e diretor técnico da Run&Fun Assessoria Esportiva; Clínica Mayo; Turíbio Leite de Barros, fisiologista do esporte e coordenador do Instituto Vita
(Da redação de VEJA.com)